Mesmo tratando da questão da Espanha, tantas vezes aqui na série Crise 2.0, inclusive o último artigo da sexta , Crise 2.0: A Rendição da Espanha?, tentei fazer um panorama resumido sobre a situação da Espanha, ficou ainda algumas questões que deveriam ser devidamente esclarecidas, em particular das diferenças entre resgastes – total e parcial, mais ainda entre regaste aos bancos e resgate fiscal. Há uma confusão que parece tudo igual, mas não são.
Vamos tentar colocar uma ordem pontuando os itens e entendo os seus significados:
- Resgate Fiscal ou da Dívida do país – O pedido formal de ajuda à Troika( UE, FMI e BCE), significa perda completa de autonomia do país, a gestão da economia passa a ser gerida por um comitê subordinado à Troika. O país “monitorado” não pode lançar mais títulos ou obrigações, os que estão no mercado não podem ser geridos pela autoridade local. A Irlanda, em 2009, Portugal e Grécia, em 2010, são exemplos destas intervenção.
- Regaste Parcial das Dívida do Bancos – Esta modalidade foi uma tentativa do Governo Espanhol e UE de tentar um protocolo de entendimento em que os bancos espanhóis seriam resgatados diretamente pela UE( Um terço da Troika), mas não seria uma intervenção no país. Tudo parecia simples, mas a UE exigiu que o Estado Espanhol fosse o fiador dos 100 bilhões. O problema é que estes 100 bilhões significam 15% a mais na Dívida Pública, que passaria dos atuais 800 bilhões para 900 Bilhões;
- Resgate Total das Dívida dos Bancos – Hoje a Espanha entrou com o pedido formal, é uma modalidade intermediária, pois não é intervenção da Troika, mas os valores do empréstimo se somaram à divida pública, ou seja, a dívida privada dos banqueiros, serão absorvidas pelo Estado( alguém lembrou dos neoliberais?). A Espanha fez uma auditoria nos Bancos e constatou que a dívida chegará aos 270 bilhões de Euros, porém a parte que vence a curto prazo é de 62 bilhões, este talvez seja o número que o Governo Espanhol apresente. A meu ver, absolutamente insuficiente, para acalmas a sangria;
- Haverá Regaste Total? ( Bancos (270 bi) ou Fiscal (500 Bilhões) – Estas questões estão na ordem do dia, parecem que caminham objetivamente para lá. Mas haverá etapas intermediárias, pois tenta se ganhar tempo, afinal a Espanha é a quarta economia da Zona do Euro, sua queda arrastaria Itália e uma crise sem precedente se instalaria.
De concreto, hoje, o Ministro Luis Guindos, ex-Aspone de Rodrigo Rato no FMI, acabou de pedir a ajuda formal, sinalizando que o Governo Espanhol absorverá como sua a Dívida do resgate aos bancos, mas na carta de intenções não disse se utilizará os 100 bilhões, o que apenas deixa mais “nervoso” o “Deus Mercado”. O prêmio de risco subiu, a bolsa em queda e a Moody’s anunciando um rebaixamento dos bancos espanhóis. A falta de transparência, leva ao caos. A única certeza, os bancos espanhóis perderam autonomia, serão monitorados pelo Eurogrupo, da UE. Uma “estatização branca”.
Como sempre, o que se comenta, é que os créditos tóxicos serão entregues a um banco a ser criado, com gestão do Estado, enquanto a parte “boa” serão entregue aos banqueiros. Alguma novidade? Socialização dos prejuízos, enquanto haverá apropriação privado dos lucros pelo mesmo banqueiros falidos.
E tome socialismo pra salvar banqueiro.