Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Serão 20 Anos de Crise?

450: Crise 2.0: Serão 20 Anos de Crise?

 

 

Senhores do Caos,eles não aprenderam nada com o passado?

 

 

As perspectivas do Banco Central dos BCs, mais conhecido como BIS, são fúnebres, o mundo viverá uma longa crise por, pelo menos, 20 anos se nada de radical for feito, é muito em linha do que analisamos aqui na série Crise 2.0,  parece sombrio demais, mas não é estranho, que assim seja, a história do capitalismo é de crise, grande, às vezes por pouco tempo, outras prolongadas demais. Já trabalhamos estes tema sobre longevidade da crise.

 

É importante ler a matéria do Estadão, para entendermos o que realmente se pensa no topo do Capital, as cabeças pensantes, que efetivamente dirigem e definem o futuro da humanidade, em particular o núcleo financiador da produção, do crédito e das finanças: “O Banco de Compensações Internacionais, BIS na sigla em inglês (Bank for International Settlements), alerta para a desaceleração da economia mundial e denuncia o fracasso coletivo de governos em darem uma resposta à crise que já atravessa seu quinto ano”.

 

O começo do artigo não deixa dúvida que estamos diante de um fracasso coletivo de todos os governos que estão no centro da Crise, prova disto é que na Europa em 12 eleições, nenhum governo de Direita ou Esquerda, conseguiu se reeleger, esta é apenas a parte visível do caos, continuemos: “Sem uma mudança radical na estratégia, a entidade alerta que o mundo precisará de 20 anos para voltar a ter a mesma taxa de dívida que registrava antes da quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008. Para a entidade, a ação tomada por americanos e europeus em injetar trilhões de dólares nas economias são apenas “medidas paliativas”. Já a crise europeia está ainda distante de ver uma solução.

A avaliação é um atestado da incapacidade de BCs, governos e bancos em superar a crise que já entra em seu quinto ano. Hoje, o mundo afunda em dívidas, bancos vivem uma crise das mesmas proporções de 2008 e a economia está em recessão. “A confiança na recuperação econômica sofreu uma erosão”, alertou anteontem Jaime Caruana, diretor-gerente do BIS. “A economia mundial vive um momento de fragilidade. Os problemas têm raízes profundas e exigem soluções fundamentais”, disse.


O reconhecimento de que o muito feito, parece nada, pois as raízes da crise não foram atacadas, pior que não é uma novidade, ainda no século XIX, não entremos nos casos de crises de escassez, pois estas não caracterizam o Capital, após 1846, é que temos um nível de desenvolvimento que este tipo de crise(escassez), já não tem mais peso. Por volta de 1863 inciou-se à época das crises de superprodução. A crise clássica, de super abundância, no pico dela, se esgota o modelo de acumulação, produção e circulação do Capital. ( Crise 2.0: Marx e a Crise)

 

A primeira crise prolongada se deu entre 1871 e 1893, depois entre 1929 e 1948,  as características comuns é depois de círculos longo e de ampla acumulação, o capital precisa se reciclar e reinventar, abre vaga para revolução, guerras, tomadas de mercados e fronteiras, ou uma revolução técnica científica que possa trazer novos conceitos de produtividades e recomposição da mais valia, enfim a taxa de lucro aos níveis aceitáveis para que o ciclo de crescimento possa voltar. A perspectiva do BIS é exatamente esta, mesmo com exemplos históricos, houve uma “acomodação” na busca de novas fórmulas.

 

Leiamos mais o que a matéria comenta do relatório do BIS: “Cinco anos depois da eclosão da crise financeira internacional, o cenário não mudou: os desequilíbrios continuam profundos, bancos estão alavancados de forma ameaçadora, a dívida pública explodiu e BCs estão sobrecarregados. Esse círculo vicioso afeta a todos e nenhuma das reformas prometidas pelo G-20 jamais entraram em vigor plenamente.No passado, esse mesmo relatório do Banco de Compensações Internacionais já alertava que uma crise de grandes proporções estava por eclodir. Mas, num momento de pujança global, autoridades optaram por ignorar os sinais de alerta”.

 

Alguma dúvida de que a Crise é de Superprodução? No momento de pujança global…a crise se estabeleceu  nos EUA em 2005, já o  demonstramos aqui, nesta série (Crise 2.0: Quando surge a Crise?), com o ápice dos valores imobiliários e o Pleno Emprego, altos salários e consumo, foi o auge de 25 anos de crescimento, entremeados por crises. Na Europa o ciclo só chegou ao auge em 2007, mas midiaticamente, e para os economistas vulgares( inclusive muitos que se dizem marxistas), a crise se dá em 2008(nos EUA) e 2011( na Europa).

 

O desespero do BIS agora é que depois de cinco anos, não só EUA e Europa afundaram com níveis anêmicos de recuperação apresentados como também agora em“2012 começou com alguma esperança. Mas a atividade econômica caiu no segundo trimestre, com uma recessão na Europa, problemas nos Estados Unidos e uma marcada desaceleração na China, Índia e Brasil”.

 

Ou seja, não há como fugir, então ” Para superar a crise, o BIS faz três recomendações: os bancos precisam reconhecer suas perdas e recapitalizar, os governos precisam lidar com suas dívidas, assim como os setores privados.Para o BIS, os BCs agiram de forma decisiva para evitar o que seria uma Grande Depressão. Mas alerta que aqueles que esperavam por soluções fáceis continuarão decepcionados, pois elas não existem.Segundo ele, os BCs não podem dar uma solução a dívidas e não mede críticas à injeção de trilhões de dólares nos bancos, como forma de garantir liquidez, alertando que a medida apenas perpetua os problemas dos bancos. “Isso só faz ganhar tempo”, disse Caruana.

 

Corretamente eles apontam ainda que “não resolverá nada e toda essa injeção trilionária é apenas um “paliativo”. A liquidez só voltará quando bancos forem saneados e isso só ocorrerá quando houver um novo modelo financeiro que limite o risco.O único feito que os BCs conseguiram até agora foi incrementar o risco de uma nova crise. A ação os deixou vulneráveis, distorceu os mercados e afetou os emergentes. Pior, afetou sua credibilidade”.

 

Por fim, analisa que há um estoque de capital enorme, sem que haja o destino para ele, que “ Para voltar a crescer, a economia mundial ainda precisa dar uma solução ao desequilíbrio que apenas se aprofunda, com emergentes e Ásia acumulando reservas recordes
.Os governos asiáticos tem hoje US$ 5 trilhões em reservas, a metade do volume mundial. US$ 3 trilhões estão na China. Já o Brasil tem hoje reservas acima da própria Europa, com mais de US$ 360 bilhões. Na avaliação do BIS, só quando esta situação estiver resolvida é que outras economia voltarão a crescer.

 

Sombrio demais, uma geração inteira, 20 anos, ameaçada pela Crise Mundial, mesmo assim endeusamos o Capital e os “mercados”, até quando?

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0 thoughts on “450: Crise 2.0: Serão 20 Anos de Crise?”

  1. Fico impressionada com a incapacidade de perceber que o alvo do capital precisa ser o homem, o trabalhador, o único que produz mais-valia e lucro. Mas não, a primeira coisa que fazem é tirar emprego, matar o homem. Lula tinha que ser presidente do mundo.

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