Recolher memórias e torná-las palavras, não significa viver do passado, ou de que este era melhor, como muitos repetidamente o fazem. Ao contrário, para mim, simboliza uma relação de equilíbrio entre passado e presente, que aquele diz muito para este que se segue. Reviver o passado é remoçar, nunca remoer, ou ficar-se preso a ele.
Constantemente trago aqui algumas destas passagens de minha vida e experiências, uma forma de partilhar com os amigos, o que fui, mais ainda o que sou, é contar sobre mim, sem receio de julgamentos ou estereótipos. As páginas escritas são guardadas com carinho e pertencem àquela época, não são e, não devem, nos assombrar, apenas olhar com olhos críticos e criteriosos, num gostoso saudosismo, sem melancolia de que lá fosse melhor.
A música, literatura, filmes ou cenas comuns da vida grudam em nós, mudamos, crescemos – amadurecemos ou apodrecemos – mas a nossa viva memória nos coloca em linha com nossa visão de vida e mundo. Somos capazes de lembrar intensamente de fatos que nos ocorreu com 4 ou 5 anos de idade, e de esquecermos de coisa que aconteceu ontem. Este é o grande barato de nossa mente, nos ligarmos afetivamente ou efetivamente ao que interessa, vir à tona o melhor/pior de nós, para que tenhamos chances de mudarmos e fazermos diferente.
De acordo!
Nossa memória é a nossa alma.