Arnobio Rocha Esportes O Sr. Neymar Jr, a Mídia, o Brasil e o brasileiro!

2420: O Sr. Neymar Jr, a Mídia, o Brasil e o brasileiro!


O ocaso do Sr. Neymar Jr e o oportunismo de ocasião.

“Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!”

Neymar Jr é um gênio da bola, é um herói no sentido grego (quem tiver curiosidade ou entender meu ponto de vistaA Questão do Herói (Nova Versão), que não tem essa conotação de Hollywood, mocinhos e bandidos, os mitos e heróis gregos são tudo em si mesmos, aliás, eles refletem os humanos, porque foram criados por nós, em quase espelho, não por uma máquina ideológica de bem e mau.

No ciclo da formação do herói, tem a revelação muito cedo de habilidades excepcionais, uma iniciação, se torna herói de uma cidade/povo, seus feitos são celebrados por todos, entre outras características, há o exagero, como uma negação íntima, que entra em conflito com o “herói da cidade” (perspectiva positiva), sua decadência é, em regra violenta, assim como seu fim.

O Sr. Neymar passou por quase tudo isso, além de incorporar arquétipos de herói incompleto, como Jasão, que mesmo com atos especiais, sua personalidade não se completou, reinou sobre um povo, mas não teve repercussão do que poderia ser. Outros purgam em vida, como Odisseus, cumprindo longa expiação.

Então, procuro entender toda a nossa negação ao Sr. Neymar Jr, as buscando dialogar conosco e ver por vários ângulos. O texto de uma jornalista, acaba sendo extremamente moralista, jogando apenas com a dualidade, bem e mal, sem buscar a janela do que é um ser humano, ainda que não gostemos dele, sem nenhuma simpatia com ele e suas ações.

Aliás, grande parte dessa postura dele é de responsabilidade da mídia, ao tratar marmanjos como “meninos da vila”, “meninoNey”, como paralelo, Bolsonaro chamar os seus homens numerais de “meus meninos”. Assim vistos, esses tipos são vistos como inimputáveis, protegidos pelo “ECA estendido”. Não saem da infância, mal chegam à juventude.

Todos os crimes ou seus comportamentos humanos reprováveis, são relativizados porque são: Meninos. Como tratam as mulheres, mero objetos, parecem refletir uma espécie de “filhos de chocadeiras”, sem mãe, apagadas nas suas histórias, mas um pai machão que aprova e participa de suas ações calhordas.

Essa é uma crítica racional e social, do que se espera do Sr. Neymar Jr, ou de Vini Jr, talvez seu antípoda, ou não.

Talvez fosse mais correto cingir o Sr. Neymar Jr, jogador e o homem (jamais menino). Como jogador é vencedor, sim, tem números impressionantes, no meio de tantos outros, teria lugar entre os enormes do esporte. Poderia ser mais, não resta dúvida, ainda pode voltar e vencer uma copa do mundo? Isso é incerto, outros caras fantásticos perderam o viço pelo futebol, apenas brasileiros, recentes: Adriano e Ronaldinho Gaúcho.

É claro que não se pode passar o pano para o Sr. Neymar Jr, ele se associou a um grupo desprezível, anti-humano, que representa o que há de pior do acontece em política, no Brasil e no mundo, os valores da ultradireita, ele é ligado ao bolsonarismo, o que não são mera relações de amizades e acidentais, revela uma (péssima) escolha.

Porém, ao mesmo tempo, transformar Sr. Neymar Jr como o vilão (bad guy) da vez, o reflexo do brasileiro médio, é pouco querer compreender a complexidade de um povo “conquistado” “colonizado” sob violência, sob 350 anos de escravidão, que mantém as relações de violência no campo e na cidade, que tem uma burguesia retrógada, que nem fez questão de ser soberana em sua “nação”, nosso problema não é o Sr, Neymar Jr.

Reduzir o caráter do brasileiro ao Sr. Neymar é no mínimo preguiça ou oportunismo de mídia, tanta daquela dos pachecos (Globo) ou da moralista conveniente (Folha, ESPN), que agem por interesses bem sórdidos, e lembra o poema do início, Versos íntimos, do poeta Augusto do Anjos:

“O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.”

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