
Veio com a noite o grande Céu, ao redor da Terra
desejando amor sobrepairou e estendeu-se a tudo
(Teogonia – Hesíodo)
Ora, os processos e experimentos de nossas vidas muitas vezes se repetem e passamos a pensar que não saímos do mesmo lugar, ou, pior, que tudo é igual, ainda que seja diferente, mas procurar a similaridade pode ser por segurança, por outra, pode ser medo de que uma realidade por mais que se pareça com outra, não é igual, porque o tempo é implacável, ele não retorna, mesmo que desejemos ardentemente, talvez para consertar alguma coisa, outras apenas para viver plenamente, o que não fizemos.
Essa unidade, o tempo, é uma variável fundamental que precisamos ajustar em nossa existência, compreender de como ele é absoluto e implacável, não obstante, é relativizado dentro de várias momentos, fases que a vida vai se apresentando, claro que podemos ter quase tudo, menos o tempo, no entanto podemos conviver harmoniosamente com ele, sem choque destrutivos, pois ao fim ao cabo, seremos vencidos, não Mefisto que nos adie aquilo que é nosso, o adequado.
De mesma força, acreditavam os antigos, que o metron (a medida) para cada um foi fiado pelos teares das Moiras, sendo o nosso destino, assim traçado, não podendo ousar ir além, como se deu com Ícaro, mesmo avisado por seu pai, o grande arquiteto, Dédalo, vou mais alto do que lhe cabia, não poderia voar baixo demais, empolgado foi em direção ao Sol e as asas derretida fez-lhe cair, porque para ele não estava traçado subir além.
Por mesmo fio, Fateonte levou os cavalos do Sol, seu pai, para os confins do mundo e perdeu as rédeas e foi fulminado. Aquiles sabia que não poderia vencer Troia, mas foi ao campo de guerra, sendo atingindo no único ponto vulnerável do mirmidão. Os franceses com Napoleão, depois os Alemães com Hitler, desafiaram o inverno Russo e o povo de bravura incomum.
Compreender essas equações (Tempo, Destino) e não perecer pela arrogância e estupidez, ou pela ausência da sabedoria, essa que nos traz prudência e capacidade de leitura de cada passa dado e vivido, a inteligência de aceitar o tempo e os limites que cada um tem, é ter consciência como se fôssemos tocados pelo fogo de Prometeu.
É a arte de viver com os limites? Ou não, como nos exemplam, Joplin, Hendrix, Morrison, Bonham, Winehouse, tantos que viveram um tempo fugaz e que tivera uma intensidade imensa, que se eternizaram, como Aquiles, o Pelida. Em contraposição, Gil, Caetano, Chico, Milton, Gal, Bethânia, Paulinho da Viola…
São treis sorte são treis sina
na istrada dêsse cristão
são treis irirmã granfina
e de punhal na mão
Gabriela – Elomar Melo