
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
(Versos Íntimos – Augusto dos Anjos
A resposta para questão proposta no título é SIM. Muito pior, não resta dúvida. Bolsonaro é um velhaco da política, sem modos, anos e anos no congresso, fizeram dele um político comum, dos esquemas, toda a família no mesmo barco, não engana ninguém, ele é um ex-capitão do exército, que virou uma espécie de representante das vivandeiras da Ditadura, que é um político comum, surfou uma onda maior do que ele, mas hoje é um cadáver ambulante, foi útil à burguesia corrupta, mas que morria de vergonha dele.
Era previsível demais, caiu por si e tenta desesperadamente alguma sobrevida, salvar o seu enorme patrimônio e dos seus filhos. Dele muitos se alimentaram, se associaram, hoje fingem ainda, mas no fundo querem distância para se tornarem palatáveis, fiéis à Faria Lima, ao ultraliberalismo corrupto e quer assaltar até o último vintém do bolso dos trabalhadores. É desse meio pobre que emergiu o também Capitão Tarcísio de Freitas.
O Capitão Tarcísio de Freitas, eventualmente Governador de São Paulo, é o que se pode chamar um homem de sorte, muita sorte, por sinal, começando por se dissociar da patente do outro Capitão. Ele tem um passado nebuloso e que poucos querem pesquisar sua origem, sobre o que pensa, o que fez na vida (militar) e como entrou na política?
A sua carreira, segundo a Wikipédia, foi iniciada no exército na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (Campinas), depois foi para a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), por fim fez engenharia no IME (Instituto Militar de Engenharia), no Rio de Janeiro. Entre 2003 a 2008, tendo sido chefe da seção técnica da Companhia de Engenharia do Brasil na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, entre 2005 e 2006, com o indefectível General Heleno, o comandante da missão e envolvido no massacre de Citè de Soleil, sem envolvimento de Tarcísio.
Poucos se deram conta que o Capitão Tarcísio de Freitas, que esteve no governo Dilma, no DNIT, logo depois de abandonar o exército, entrando no serviço público federal e por suas conexões no meio militara, foi nomeado para o DNIT com a missão de “moralizar o órgão”, no entanto saiu de lá com 88 contratos suspeitos. Foi para o governo Temer como secretário da Coordenação de Projetos da Secretaria Especial do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), responsável pelo programa de privatizações, concessões e desestatizações
O Capitão Tarcísio de Freitas, flana por lá e cá, sem se preocupar com nada, serve aos governos de plantão, acabou nas hoste de Bolsonaro e se tornou ministro, as ligações com General Heleno lhe abriu porta, o método no ministério da infraestrutura foi o mesmo, não licitar nada, entregar aos amigos gordas verbas e projetos, entregando para iniciativa privada, destruindo a gestão pública sem nenhuma pudor e pavimentando seus voos mais altos e mais ambições, o Governo de São Paulo caiu no colo, Bolsonaro, seu padrinho perdeu as eleições presidenciais, mas deu-lhe um estado rico em que ele nem residência tinha.
O Capitão Tarcísio de Freitas fez a graça de importar os quadros do bolsonarismo federal derrotado e agradar seu líder, inclusive nomeando um também Capitão, o Derrite, para Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, uma verdadeira república de capitães, de violência, de política de força absolutamente ineficaz e de confronto torpe, nenhum compromisso com os Direitos Humanos e sem nenhum resultado, apenas mais violência, além da desmoralização das polícias com tantos assessores ligados ao crime organizado.
O desgoverno do Capitão Tarcísio de Freitas se alimenta de uma espécie de vácuo político deixado pela quebra do PSDB, com a cisão provocada por João Dória Jr que abandonou uma possível reeleição e foi apeado da candidatura à presidência. Abriu espaço para um governo de extrema-direita, cuja voracidade destrutiva do governo é o que se constata, mas conta com a ampla simpatia da Faria Lima e de sua mídia, que esconde o verdadeiro desastre que é a “administração” de São Paulo.
A entrega da SABESP e de serviços públicos para iniciativa privada, nenhum esforço para melhorar as condições de vida da população, vide a recusa da diminuição dos impostos da cesta básica, o aumento das tarifas dos serviços públicos, sucateamento da educação e da saúde, é um colosso para os empresários e o exterminador dos trabalhadores.
O Capitão Tarcísio de Freitas é um Bolsonaro com MBA e que aparentava ser moralmente mais palatável, até moderado a mídia tenta lhe vender, na verdade dar-se o oposto, ele é um bolsonarismo mais radicalizado, estilo Milei, sem traquejo político, um burocrata, linha dura e que sonha voos mais altos, vai se descolar de Bolsonaro, mesmo quando aparece no comício no Rio de Janeiro, é mais para abocanhar parte do que resta do outro Capitão.
Há dúvida de não seja mais terrível?