2527: Fernanda Torres, a afirmação da Democracia e dos Direitos Humanos, SEM ANISTIA!

Fernanda Torres surpreende o mundo com seu prêmio no Golden Globe

Há dois meses fui ao cinema assistir o filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles e não alimentava tanta expectativa, mesmo com as boas referências de amigos e amigas, uma grande mídia indicava, confesso que superou em muito, saí impactado e escrevi o post Ainda Estou Aqui – o Brasil que varreu a Ditadura para debaixo do tapete! , sobre minhas impressões não sobre o filme em si, mas o contexto histórico, comportamento de mídia que não apenas tolerou como normalizou os adoradores da ditadura que tinham voltado ao poder com Bolsonaro, claro que era uma espécie de auto traição, pois a mídia apoiou a ditadura e calou diante das mortes e torturas, não apenas por imposição do regime, mas por identificação com ele.

Apenas no final disse algo sobre a genial interpretação de Fernanda Torres, fui econômico porque não queria influenciar ninguém e não estragar a emoção impactante da atuação da grande atriz, que já tinha feito grandes filmes e grandes papeis como o vitorioso “Eu sei que vou te amar”, de Arnaldo Jabor, em que ela com apenas 20 anos foi premiada no Festival de Cannes e no de Cuba, Dez anos depois fez o marcante Terra Estrangeira, de Walter Salles e Daniela Thomas.

A carreira de Fernanda Torres se tornou popular com os papeis em novelas e séries da Rede Globo, especialmente em comédias em que ela usava de alta técnica e qualidade de construção de personagens que se tornaram marcantes e que ainda fazem muito sucesso nos canais que repetem,como Os normais, Tapas e Beijos. Além de muitos participações em novelas, o carro-chefe da emissora carioca, desde muito nova, ela é figura constante na tela.

Ontem/hoje, 05 ou 06 de janeiro, Fernanda Torres fez história, foi laureada como melhor atriz de drama no Golden Globe, o segundo mais prestigiado prêmio da indústria de cinema dos EUA, entre grandes indicadas, consagradas atrizes de Hollywood, o que torna o feito ainda mais surpreendente e espetacular, um momento histórico e que abre a possibilidade dela ser indicada ao Oscar, independente disso, a vitória é cheia de simbolismo que vai não apenas para soberba interpretação dela, mas todo o contexto.

O filme Ainda Estou Aqui, baseado numa autobiografia de Marcelo Rubens Paiva, traz um recorte duro, seco, cortante de como a Ditadura massacrou o Brasil, a boçalidade dos milicos era sem limites, a paranoia anticomunista, fez vítimas das mais variadas, de militantes de esquerda, não armada e depois armada, passando por pessoas comuns, que até hoje pagam os horrores das abordagens violentas das polícias militares, das humilhações em delegacias e dos horrores dos presídios.

O filme, em última palavra, é uma defesa real dos Direitos Humanos, dentro de um prisma que atinge uma família, que passa a viver o pesadelo de ter o patriarca sequestrado e morto, sem nunca ter tido acesso ao seu corpo e as circunstâncias de sua morte, por mais de 20 anos a família nem mesmo tinha o atestado de óbito, uma coisa tão comum para tantas famílias vítimas da Ditadura. Apenas para lembrar que o filme não dispõem a discutir a Ditadura em toda a sua dimensão, mas traz um contexto que demonstra todo o seu horror, algumas críticas são absolutamente injustas, inclusive contra o próprio Marcelo Rubens Paiva.

Parabéns, Fernanda Torres, lavou nossa alma, na véspera do segundo aniversário da tentativa de GOLPE, do 08 de janeiro, dos 4 anos do Capitólio e há uma semana do 40 anos da vitória de Tancredo Neves no Congresso Nacional, a Ditadura ainda precisa ser passada a limpo, principalmente seus apoiadores que estão vivos e assombram o Brasil com a conivência da Burguesia Nacional e de sua mídia canalha.

SEM ANISTIA!

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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