“Na velocidade a tarde leva o teu olhar
Longe descansar na estrela”
(Frenesi – Fausto Nilo)
Aqui, perdido em Brasília, entre e prédios de perfeita arquitetura, uma espécie de negação (ou afirmação) do Brasil, de todas as suas contradições e de suas imperfeições, de um país forjado na dor, pela colonização cruel, o que, aqui em tudo contrasta.
Nas narinas vem o cheiro da minha tribo, da maresia de um fim de tarde na ponte metálica, de um lado o sol finda, do outro lado, a lua alumia nosso sombrio coração.
À mente veem o olhar sobre a ponte, desponta o Pirata bar, o secular Estoril e o jovial Cais Bar, uma memória de datada, assim como as músicas que embalam essa miragem mental.
O poeta Fausto Nilo declama Frenesi, ensinando a doce melancolia do Ceará, escondido pela máscara do (bom) humor.
“Doce Paixão frenesi
Doce ilusão, moça bela
A solidão mora aqui
E a cidade é sem fim
Qual a tua janela?”
A comida ainda não veio, a viagem em mim, continua, o poeta de Quixeramobim, intelectual refinado, arquiteto, sopra no meu ouvido, Dorothy Lamour
“Era miragem
Fantasia de um mundo blues
E eu fui chorar
Na areia Dorothy L’amour
Por que sangrar
Meu nativo coração do sul
Ah eu fui naufragar
Em teus olhos de mar azul”
Uma lágrima corre, é de tantas saudades, de opções de caminhos na vida, que nos levaram a lugares distantes e a força da aldeia, sempre chama, não sai de nós.