Winter is coming…A Barbárie!

O inverno está chegando para humanidade?

“Antes de mim coisa alguma foi criada
exceto coisas eternas, e eterno eu duro
Deixai toda esperança, vós que entrais!”
(Inferno, Canto III, A Divina Comédia – Dante Alighieri)

Gestação do Nada, ou do Caos!

Na quinta, 21.03, encontrei-me com parte dos membros do CC do  velho CGB-PLP, a nossa pequena organização política que veio da ruptura com o partidão, junto com o camarada Prestes, mas que tomamos rumos diferentes, fora do PDT, nem no PT entramos. Das coisas certas ou erradas de nossas vidas políticas, teve o PSTU (uma viagem psicodélica), e depois seguimos caminhos distintos, PT, PSB e PSOL, outros apenas a vida acadêmica, profissional, mas estranhamente um fio, o de Ariadne, umbilical nos conecta, talvez pelo estudos de Marx e Lenin, sem derivações, Stalin ou Trotsky, o que não significou um distanciamento dos dois, alternando-os em organização e método, ninguém ficou imune.

O encontro em muitos sentidos nos trouxe ao debate sobre os vários pontos de nossas investigações teóricas, pessoais ou coletivas, sobre o que nos influenciou, a aproximação com figuras tão distintas como Marina, ou Gleisi, proposições radicais sobre o fim do mundo do trabalho, ou da urgência climática, fim das formas intermediárias do capitalismo, aquelas quando haviam projetos de domínio, concessões e uma expectativa de que a luta de classes chegaria ao fim, de forma Clássica ou não.

Não obstante, sem aprofundarmos, naquelas 5 horas de conversas e divagações, sonhos, utopias, a maioria vencidas pela dinâmica do nosso tempo, para onde ir, ou porque fomos a tal lugar, na política, e não para outros. De fundo, talvez comum, há uma preocupação de que o que sobrou de Burguesia, a fração da fração, gesta um longo processo de decadência da humanidade, com quase nenhuma preocupação com Estado, Nação, impérios, uma espécie de desagregação catastrófica, egoísta, em que os antigos trabalhadores, proletários, se diluem e lutam não contra essa fração, mas entre si, de forma que se aproximam da barbárie, das formas alternativas de sobrevivência, no crime, no tráfico e nas milícias.

A nossa racionalidade, herança burguesa, iluminista, como também nosso acúmulo teórico e de experiências de esquerda, marxista (de todas derivações), aprendizado com as rupturas, como a revolução russa, chinesa, cubana, sandinista, nos deu um rico arcabouço de teses e experimentos, que no entanto, quase todas, se esgotaram. Ver o proletariado e suas várias camadas, se desmilinguindo frente ao avanço de forças produtivas destrutivas, que relegam à importância laboral à planos menores, em muitos lugares, absolutamente secundários.

As forças de segurança públicas e mais ainda as privadas, as milícias e as formas de organizações criminosas levam a completa ruptura de valores civilizatórios, humanos, do fim das liberdades de ideias, essas cada vez mais enclausuradas pelos algoritmos, ou aprisionadas por valores morais reacionários e sob influência religiosas anti-humanos, que são usadas para o convencimento de uma espécie de escravidão física e mental.

Continuamos a fazer política, ou aquilo que achamos ser política, com a mente no passado, numa lógica e numa racionalidade que se esvaiu no tempo e no espaço, que não responde a quase nenhum desafio do tempo presente ou do futuro. As forças destruidoras do carcomido estado burguês avançam de forma avassaladora, especialmente após a queda do Muro de Berlim, incrementada com a queda do Muro de Wall Street, em 2008. Dos escombros dos muros se apresentam aquilo que chamam ultraliberalismo, ultradireita, pós democracia, pós verdade, pós política,  prefiro o icônico, chamando de Estado Gotham City.

A experiência de nossa tradição, teimosa, de esquerda, hoje tenta expandir seu campo de influência até à direita que ainda pensa num Estado aos velhos moldes, diante do Ultraliberalismo. O que parece ser, essa tática, cada dia mais difícil de implementar, pois o movimento dialético da extrema-direita engoliu quase que totalmente esse espectro (da Direita). O nosso rebaixamento político e das políticas propostas, como abrir mão das propostas emancipatórias e civilizatórias, como tática de luta, aparentemente, só servem para nos desmoralizar e não nos garante vitórias eleitorais sólidas, nem mesmo o respeito do que sobrou da classe trabalhadora. É fato que o avanço da IDELOGIA destrutiva joga uma bomba relógio entre nós, a disputa, inclusive, dos que vão viver e os que morrerão, uma espécie de luta darwiniana pela sobrevivência da espécie humana.

Compreender a realidade da distopia e unir os cérebros que (ainda) pensam autonomamente e não estão dispostos a serem vencidos por algoritmos ou inteligência artificial, é o maior desafio da humanidade, tendo como escopo a defesa da vida e das condições elementares da vida do planeta, seriamente ameaçado pela destruição do meio ambiente. O quadro pode ser apocalíptico, mas não é de derrota, é de urgência e de que as reflexões saiam para além da disputa inglória do Parlamento, do Executivo ou do Judiciário. Como também do espaço geográfico local, pois é uma realidade de contrarrevolução mundial de longo prazo, ou enquanto durar a crítica situação ambiental, o que pode ser tarde.

Os elementos de barbárie estão dados, a importância da resistência do Brasil, com todas as contradições, é vital para a aventura humana no Planeta Terra, nossa mãe, a quem tanto maltratamos, como fazemos com as mulheres, com os negros (as), o latinos, fundamente contra os mais pobres e vulneráveis.

Ainda dá tempo?

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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