“Se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo” (Bolsonaro, Eduardo, 02)
Essa frase dita pelo filho de Bolsonaro, conhecido pela alcunha “02”, e outros apelidos menos nobres, numa palestra em outubro de 2018, antes do segundo eleitoral daquele ano, demonstra cabalmente o desprezo da familícia pelo Supremo Tribunal Federal, a corte maior do Brasil, mas somente à ele, mas às instituições do Estado.
Os anos do bolsonarismo, longos 4 anos na presidência, mas não se sabe quantos mais pela frente pelo efeito retardado de sua política, ainda que pareça não política. Talvez os efeitos mais prolongados serão sentidos justamente no STF, realmente eles não mandaram um jipe, mas impuseram um cabo e um soldado, ou simplesmente Ministro André Mendonça e Ministro Kassio Nunes.
Os dois recrutas bolsonaristas ficarão por mais de 30 anos na corte, representando o que há de pior na política brasileira, a extrema-direita, a ultradireita sem projetos, exceto destruir as instituições, numa negação da democracia e da política.
Adianto que defendo que o Supremo represente as forças vivas da política, as matizes diversas, direita, centro e esquerda, não obstante, repudio a presença da extrema-direita, pelos fatores acima, não representam forças da democracia, pois defendem a supressão da política e o Estado de Direito, então o que fazem na corte?
Por longos 30 anos, o Brasil será vítima de decisões de dois membros que não representam os valores de urbanidade, cidadania e valores plurais, como conviver na alta corte com esses dois, cabo e soldado, que não se submetem à democracia?
O STF teve alguns outsiders, diferentões, mas que, aparentemente, tinham referência em valores da democracia e na política. Para além da baixíssima representação feminina, nenhum negro ou negra, temos esses dois, que resistem em defender o Estado de Direito e Constituição, até quando?
O cabo e o soldado representam uma espécie de cavalo de Troia frente aos valores humanos, civilizatórios e plurais? Mudarão?
Muitos acreditavam que a queda de Bolsonaro, o 8 de janeiro, ter-se-ia uma inflexão deles, pelo menos de um, no entanto, não há indícios, ao contrário, se revelam parte da tática para desmoralizar ainda mais as instituições.
Serão 30 anos…ou mais, mas serão apenas eles?