Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
(Morte e vida Severina – João Cabral de Mello Neto)
A burguesia brasileira tem sua origem, formação, Ethos e identidade no campo, ela é herdeira ou grileira de latifúndios imensos, que desde as capitanias hereditárias assombram o Brasil, com trabalho escravo, relações feudais e mesmo o agrobusiness não conseguiu transformar essas relações, ainda que tenha modernizado produção, colheita, beneficiamento e exportação.
Essas relações de propriedades privadas e de grandes latifúndios, refletem um país continental e profundamente desigual, que jamais quis fazer reformas de base, a primeira delas, a Reforma Agrária. O Capital tem uma mentalidade feudal, cruel e de exploração especulativa da renda da terra, ou de produção baseada em monocultura, de nenhuma preocupação com o meio ambiente, uso indiscriminado de agrotóxicos e produções transgênicas.
A desigualdade do campo, a extrema exploração gerou a expulsão de trabalhadores e de suas famílias para formar as grandes cidades, levando junto apenas as mãos e a pouca formação, para serem explorados nos centros urbanos, sendo mão de obra barata, que vive nas periferias e áreas de riscos, encostas, morros e bairros isolado com pouca infraestrutura e saneamento.
O surgimento dos movimentos de atingidos por barragens e formação de lagos para hidrelétricas no final dos anos de 1970, início dos 80, deu origem ao mais original dos movimentos populares brasileiros de todos os tempos: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, ou apenas, MST.
O MST se transformou rapidamente no “fantasma que ronda” a burguesia rural e ruralista brasileira e o Capital a quem ela se fundiu e dirige o Estado como propriedade privada, com forca inominável no Congresso, no Executivo e no Judiciário, pois o verdadeiro Poder ali se encontra.
A resposta do MST está na tríade de palavras que assombra os latifúndios improdutivos, os senhores feudais, os banqueiros, os rentistas e o que sobrou do capital industrial:
Ocupar, Resistir e Produzir.
O sonho daqueles trabalhadores rurais, de quase 40 anos atrás começou a se consolidar numa economia alternativa, de produção coletiva, de produção com respeito ao meio ambiente, a agroecologia, como forma de ter novas oportunidades no campo e uma esperança de que a cidade se alimente melhor, é quase, se não for, uma utopia.
É uma revolução diante de práticas feudais e de violência secular.
Qual a resposta do Capital?
Atacar duramente o MST, ano a ano, mesmo na pandemia quando o MST fez distribuição generosa de alimentos para matar a fome que explodiu no Brasil. A burguesia do campo e da cidade, seus representantes no Congresso, criaram a QUINTA CPI (em 20 anos) contra o MST, porque estão sendo derrotados política e ideologicamente pelo MST.
A Luta de Classes não dá trégua, toda sorte de mentiras e violências serão usadas contra o MST e seus líderes, a criminalização deles é a forma mais sórdida de limitar seus passos e suas ações. essa tática é a mesma em todas as épocas, trazer o MST para o foco é a forma de atacar o governo de coalizão nacional de Lula, de rachar sua base e seu apoio.
Todas e todos os (as) que lutam em qualquer frente política que seja, está convocado (a) para defesa irrestrita do MST, é a nossa história e nossa sobrevivência política que está sendo levada para uma CPI, sem fato determinado, sem razão constitucional que possa ser instalada, mas os cães de guarda dos ruralistas estão com suas armas em punho.
Vamos à luta, viva o MST, viva os trabalhadores do campo e da cidade!