Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
(Todo o Sentimento – Chico Buarque)
Vivemos uma época mesquinha, ou apenas constatamos a mesquinharia geral. o que não é novidade alguma, pois o mesmo sentimento já foi dito e escrito antes em outras épocas. Por outro lado os vencedores de hoje imitam os de antes, dizendo que tudo isso não passa de mimimi de que é perdedor.
É isso, ou não.
Ano passado, num belo vídeo, tocante mesmo, o Padre Júlio Lancelotti diz explicitamente que se sentiria muito mal se estivesse entre os vencedores atuais, e de que algo estaria errado na sua trajetória, pois a opção de vida que ele fez foi aos “perdedores”, vida em defesa dos mais vulneráveis, mais pobres e excluídos de toda sorte, daqueles e daquelas que não têm vez.
É conformismo? Serve para justificar nossa incapacidade de fazer ou ser parte de algo maior? Pode ser, pode ser, como pode não ser, apenas é.
Entre mortos e feridos, vencedores e vencidos, no meio de tantas indagações vãs, há um hiato em que dividimos ideias com figuras imensas como Juarez Tavares, que de tão generosamente ouve nossas aflições, com atenção e paciência, que nos comove.
Talvez sejam essas as verdadeiras pagas da vida, essas ótimas conversas que fazem muito bem e que, de certa forma, nos faz esquecer o “tempo da indelicadeza”. Compartilhamos conversas e impressões, falamos de processos da vida, do mundo em que vivemos, sua erudição e gentileza, são aulas pela simplicidade de nos ouvir.
Querido amigo, no meio do período eleitoral, não pude parabenizá-lo pelos 80 anos, aproveito a música de seu amigo, Chico Buarque, para que nossa reflexão não seja apenas dor, mas que tenha poesia e esperança.
Grande abraço!