As minhas filhas, Letícia e Luana, queriam muito um cachorro (a), invariavelmente respondia que ela já tinham um cachorro em casa e se entrasse um por uma porta, sairia pela outra, pois um animalzinho num apartamento era ruim, não teria tanta dignidade, além do que, confesso, tinha medo de cachorro e de gato.
Entretanto, Letícia foi diagnostica com Leucemia em 11 de junho de 2010, ela faria 13 anos em setembro, Luana contava com 8 anos, quase 9 anos. Durante a fase inicial do tratamento, houve uma série de intercorrência e a Lê ficou no hospital por 75 dias, a previsão era de no máximo 14 dias. Naquela tensão, não teve jeito, cedi a os desejos dela de terem um animalzinho em casa.
Luana ficou empolgada e prometeu para Letícia que quando ela saísse do hospital, teria um (a) cachorro (a) em casa, era um baita estímulo. A danadinha pesquisou na internet, encontrou uma cadela mini Maltês, pediu fotos, procedência e negociou sozinha, tive apenas que pagar.
No dia 08 de agosto de 2010, Lolla, entrou em nossas vidas, a companheira das meninas, a alegria delas, amor, carinho e traquinagens.
Por oito anos Letícia teve na Lolla um amor enorme, cuidando dela com a irmã, muitas vezes, sem que soubéssemos, dormia no quarto com ela, não deveria, pois com Leucemia, a baixa imunidade era um risco, então levava escondida, vim a saber depois que Lê tinha partido.
Lolla ficou um longo tempo “procurando” Letícia pela casa, era comovente, ao chegar alguém ela se animava pensando ser ela, percebia essa busca e me dava aperto no coração, uma dupla saudade.
Luana foi para Fortaleza, por um ano, em 2020, lá pegou dois gatos para criar, Cuba e Alaska, trouxe para São Paulo e eles passaram a conviver com a pequena Lolla, enciumada, mas aprendeu a lidar com os felinos.
A idade foi pesando, nesse ano, Lolla parecia não muito bem, daquela energia e valentia, passou a dormir muito, isolada, uma doença periodontal foi debilitando, exames, tratamento, mas ela não reagia muito.
Infelizmente, hoje, depois de 10 dias de antibiótico, com plaquetas baixa, um pequeno acidente quanto a levei para dar banho, ela nervosa numa caixa de transporte, forçou a tampa e caiu, pequena altura, menos de meia hora depois, seu coraçãozinho parou, uma tristeza imensa.
Muitas vezes fui arredio com a Lolla, mas ela me conquistou, além de nos últimos anos ela ter sido uma ligação viva com Letícia, seu amor, então tudo que era possível tentava fazer, uma dor imensa essa despedida.
Mais uma vez num domingo a tarde, perdi um ente querido, uma espécie de carma.
Te amaremos para sempre, pequena Lolla.