O excelente e oportuno documentário, “Brasil 2002: Os Bastidores do Penta“, Netflix, faz um importante registro com alguns dos maiores personagens da conquista do Penta, e mostra como aquele grupo se uniu para vencer e, às vezes, mostra um Brasil diferente do momento em que vivemos, uma sensação de melancolia, quando comparado ao hoje.
O Brasil ganhou a estranha copa do mundo em 1994, nos EUA, numa final terrível contra a Itália, talvez superada apenas França x Itália, em 2006. Foram 24 anos de espera, com apenas uma seleção espetacular, a de 1982, que o futebol infelizmente teve o azar de não vê-la como campeã do mundo, pois foi superada pela claudicante Itália, que se transformou depois daquele jogo.
A redenção da copa, veio num momento de enorme transformação, a introdução do Real, com a paridade artificial ao Dólar, criou uma ilusão de riqueza, pelo menos até a próxima copa, com o trágico final, uma derrota de 3 x 0 para os franceses, nosso maior carrasco em copas, 1986, 1998, 2006.
A queda em 1998, a maior favorita desde 1982, seria tão frustrante quanto o estelionato da reeleição de FHC, com uma emenda comprada e depois segurando a paridade do Real até a vitória, depois a explosão de janeiro de 1999 e os duros anos seguintes, com o “apagão elétrico” e um governo pato manco, refletiu no pouco futebol, de uma classificação dramática, no último jogo.
A Seleção Brasileira foi para copa do Japão/Coreia do Sul tão desacreditada quanto o Brasil, sua economia em frangalhos e iniciando uma campanha eleitoral que levaria a oposição popular de esquerda, ao governo.
O Brasil pegou um grupo muito fraco, Turquia, China e Costa Rica, teve dificuldade na estreia e foi crescendo, mas sob desconfiança, os comentários da mídia esportiva eram que o Brasil no máximo iria às quartas, isso de passasse da Bélgica, uma boa seleção, mas sem conquistas.
O grande teste foi o jogo frente aos ingleses, uma ótima seleção, para eles, a melhore desde de 1966. Um falha de Lúcio deu vantagem aos ingleses, logo no início do jogo, o Brasil se reencontrou nos minutos finais do primeiro tempo, empatou e logo no começo do segundo, virou no “gol espírita” de Ronaldinho Gaúcho, que foi expulso e deu mais tensão ao jogo.
A semifinal foi um jogo difícil e feio, dessa vez o gol estranho foi do Ronaldo Fenômeno, de biquinho da chuteira e vencer a Turquia, era o primeiro jogo forte que o Brasil foi favorito e teve muitas dificuldades, o que deixou em dúvida se venceria a forte Alemanha.
O jogo final foi muito tenso, disputado e sem muitas chances de gol na primeira etapa e caminhava para um empate, mas em duas jogadas magistrais de Rivaldo e Ronaldo, dois gols, com falhas do maior jogador da Alemanha, o goleiro Oliver Khan.
O documentário traz as imagens das câmeras de Belleti que era reserva e que filmou treinos, conversas, palestras, aliás, ele e Roberto Carlos, são os produtores do documentário. As falas finais e a preparação do jogo final, são para chorar de emoção.
Olhando para hoje, nada lembra esses 20 anos de estiagem, o abalo moral do 7 x 1, da Alemanha, em 2014, a seleção brasileira dirigida pelo mesmo Felipão. O fracasso de 2018, o maior jogador atual, Neymar, não tem nenhuma empatia e levanta dúvida sobre essa copa num país sem futebol, o Catar, evento absolutamente comercial e sem expectativa.
O momento se repete apenas com a tragédia vivida atualmente pelo Brasil, depois de grande crescimento econômico e projeção mundial, parece que comete um harakiri desde 2013, aliás, a Copa aqui, fruto dessa importância que o Brasil adquiriu, terminou melancólica, assim como as energias que tomaram conta do país.
Espera-se que as urnas apontem outro caminho, assim como a seleção volte a empolgar.