2161: Domingo e a Decadência

O Consumismo dita as mudanças de hábitos e valores.

No dia do Senhor, Yahweh (Javé), D´Us, Deus, todos na tradição Judaico-cristã, o Domingo é (era) o dia do descanso, da reflexão, era o dia dos jornais, dos cultos, missas. O dia sem pressa e sem compromisso, da partilha à mesa, do tio do pavê, do sono da tarde e do futebol, do massacre de ouvir a música do “Fantástico” que prenunciava a segunda-feira.

As mudanças gradativas do domingo, para mim, se deram quando vi o comércio abrir. Em junho de 1996 fui trabalhar no Japão pela empresa, cheguei lá exatamente num dia de domingo, ao chegar ao hotel em Kashiwa (Chiba Ken), uma grande movimentação nas ruas, pensei que pelo fuso horário de 24 horas de viagem, fosse uma segunda-feira.

Na semana seguinte, percebi que domingo era um dia comum para o comércio e serviço. Fábricas  e escritórios tinham a mesma rotina do Brasil, mas a grande diferença se dava no comércio, que funcionava a pleno vapor, aos domingos e feriados, os funcionários ou mesmo as lojas fechavam em dias alternados durante a semana, para faturar alto nos dias de “descanso”.

Logo depois, nos começo dos anos 2000, em São Paulo (depois no Brasil), aos domingos, paulatinamente o comércio passou a abrir, shoppings, supermercados, lojas, até nos bairros, o domingo virou dia comum, dia de faturar, vender e o consumismo é do descansos semanal.

Coincide com isso, aqui no Brasil, a decadência dos jornais, revistas, e tantos outros hábitos tipicamente de domingo, até o tio do pavê, encontrou no bolsonarismo a razão das suas piadas esdrúxulas, antes iam com a camisa sa CBF enfeia a Paulista, Copacabana e outros locais, com seus desfiles de mau gosto e mau agouro.

Os programas noturnos de domingo resistem, com pouca audiência, baixa qualidade e criatividade, apenas para avisar que amanhã é segunda-feira. Muitos foram substituídos pela internet, ou Netflix, pois a TV a cabo continua como artigo de luxo, perdendo assinantes com a crise que assola o Brasil.

Bem, bom domingo, daqui a pouco é a hora da Xepa, porque a feira livre está cara, até os ovos.

 Save as PDF

Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

Deixe uma resposta