Há exatamente 12 anos, no meu ano de Yakudoshi, que tanto temia, confirmou meu infortúnio maior. Naquele distante dia 11.06.2010, era o dia da abertura da copa do mundo da África do Sul, estava no hospital Santa Catarina, com uma de minhas filhas (Letícia) sendo diagnosticada com Leucemia, algo que mudou minha vida para sempre, a dividiu em duas partes.
Aqui não se trata de “comemorar” data negativa, apenas reafirmar que esse dividiu é um marco na minha vida em todos os sentidos, quebrou para sempre um certo conceito de felicidade, ou de possibilidade de felicidade. A vida real, extremamente real, passou a ser meu cotidiano, por 8 anos e meio, até a partida de Letícia, e nem assim, nada volta ao ponto.
A questão central é como você pode (ou deve) continuar (se deve/consegue) a viver, manter um padrão mínimo de sanidade, encarar um mundo tão cretino, egoísta, em que as pessoas veem uma outra pessoa cair ao seu lado, simplesmente seguem em frente como se não tivesse visto nada, ou fosse apenas mais um, que nada se pode fazer e, não fazem, não tentam.
A nossa luta, é nossa luta, quase solitária, de pai, mãe e irmã, parentes próximos, e nos seguremos num terremoto/pesadelo, pois é assim que a coisa rola, e vida segue em frente, com todas as ruas destruídas pelo tremor de terra, nossos pés passam a pisar em areia movediça, por um outro lado, flutuamos, nada mais nos abalará mais, aprendemos a viver no caos, aquilo que não nos mata, nos fortalece, sabe-se lá para o quê.
O resultado desses 12 anos é bem complexo, muitas dores, tristezas, mas muita vida e intensidade, descobertas e quebra de valores, abandono (tentativa) de coisas sem importâncias como ambições e vaidades.
Apenas muita saudade!!!