O maior talento da vida é viver, principalmente com dignidade. Outros dons, são puramente aleatório ou por enorme persistência.
Algumas coisas na vida são tão estranhas, muitas vezes difíceis de se entender, outras de se aceitar. Uma dessas coisas, é o nosso auto engano sobre talento, geralmente vem de cedo, logo na tenra idade, a “revelação”, quase sempre os exageros em volta vão criando uma falsa ideia sobre algumas de nossas características, que de tão maravilhosas (e infladas), acaba-se acreditando se tratarem de verdades esses dons extraordinários.
Algo como um (a) alguém provido (a) de inteligência excepcional, talhado (a) para a profissão A ou B, por exemplo, tem uma verve de falar em público, mira-se que será diplomata, embaixador/embaixatriz, futuro orador (a) n ONU. Quando se demonstra capacidade de certa inventividade, vaticina como um novo Santos Dumont, as hipérboles familiares, ou de professores, amigos, convence de que você (ela) é bom (boa) demais, que o futuro é brilhante.
As carreiras artísticas são vistas logo no primeiro poema, ao declamar, cantar (bem ou mal), decorar um texto para uma peça de teatro escolar. É dali para o palco, cinema, Hollywood, Teve alguma afinidade com um instrumento musical e se canta, Roberto Carlos que se cuide, ou outro (a) que esteja no auge, surgiu um sucessor.
A vida vai confirmando (raramente) os que efetivamente são os extraclasses, pois a esmagadora maioria de nós não brilhará, nem mesmo por 15 minutos, ainda que se tenha qualquer talento superior, são tantos bilhões, e que apenas em condições bem específicas, tão aleatórias farão que se distinga um Chico de um Francisco, um Pelé de um Edson, e é assim em todos os lugares.
Quantos de nós já não ouviu que fulano de tal era um cantor/compositor espetacular, mas foi o sicrano que conseguiu gravar e virou estrela. Aquele menino era um gênio do time de futebol na várzea, mas nenhuma “peneira” de clube conseguiu perceber, hoje está ali na construção civil, ou num escritório sobrevivendo, quem diria, não?
Esses mistérios da vida, que em parte devemos cuidar dos nossos filhos (as), mas no afã de lhes ajudar, muitas vezes acaba atrapalhando, as frustrações futuras, a concorrência brutal, o desespero pela fama, poucos conseguem. Incentivar todas as potencialidades, sem no entanto, demonstrar a realidade, o espírito crítico, formação de caráter e cidadania.
Ensinar os caminhos, e mostrar os riscos dos atalhos, do ego, da arrogância e da importância que cada um de nós tem na vida, com ou sem os 15 minutos de fama.
Por falar em gênios, um dos poucos que conheci, vai se aposentar depois de mais de 50 anos encantando o mundo, Milton Nascimento.