“O Dinheiro não é apenas um objeto da mania do enriquecimento, mas sim O seu objeto. A mania de enriquecimento é por essência auri sacra fames*” (Grundrisse, Marx)
Hoje é o aniversário de Karl Marx, 204 anos de seu nascimento. Marx é o mais influente pensador da humanidade desde a metade do século XIX. É impossível ser indiferente ao pensamento original de Marx, seus estudos que incluem Filosofia, Economia, Política, Sociologia, Direito e Literatura, entre tantos assuntos que ele abordou em sua produtiva elaboração intelectual
Marx continua extremamente atual, o seu livro maior, o Capital, é a mais completa obra de análise sobre o Capitalismo, a formação do Valor, a dinâmica e desenvolvimento daquele que é o mais importante sistema econômico que a humanidade experimenta, sua complexidade, capacidade de adaptação e sobrevida.
É dessa profunda análise que Marx rompe com todas as teorias econômicas e políticas até então que enfrentaram, a seu modo, o capitalismo. O estudos de Marx deram as bases teóricas a um novo sistema, o Comunismo, a ser perseguido pelo despossuídos, o proletariado, da época, das revoluções do século XX e dos novos enfrentamentos do novo milênio.
A liberdade plena da humanidade se dará quando o mundo do trabalho e das necessidades forem suplantados. Com o fim da apropriação privada dos meios de produção, com homens e mulheres, donos de tudo o que for produzido, sem mais exploradores e explorados.
Lenin, no Estado e a Revolução, escrito pouco depois de 30 anos da morte Marx, coloca de forma clara a importância central de sua portentosa obra:
“Dá-se com a doutrina de Marx, neste momento, aquilo que, muitas vezes, através da História, tem acontecido com as doutrinas dos pensadores revolucionários e dos dirigentes do movimento libertador das classes oprimidas. Os grandes revolucionários foram sempre perseguidos durante a vida; a sua doutrina foi sempre alvo do ódio mais feroz, das mais furiosas campanhas de mentiras e difamação por parte das classes dominantes. Mas, depois da sua morte, tenta-se convertê-los em ídolos inofensivos, canonizá-los por assim dizer, cercar o seu nome de uma auréola de glória, para consolo” das classes oprimidas e para o seu ludíbrio, enquanto se castra a substância do seu ensinamento revolucionário, embotando-lhe o gume, aviltando-o. A burguesia e os oportunistas do movimento operário se unem presentemente para infligir ao marxismo um tal “tratamento”. Esquece-se, esbate-se, desvirtua-se o lado revolucionário, a essência revolucionária da doutrina, a sua alma revolucionária. Exalta-se e coloca-se em primeiro plano o que é ou parece aceitável para a burguesia”. (W .I. Lênin, “O Estado e a Revolução”)
Esse resgate que Lênin faz do pensamento de Marx, no início do livro “O Estado e a Revolução”, isto dito há quase 100 anos, imagine-se o que lemos e ouvimos hoje sobre a obra e o pensamento de Marx.
Em todos esses mais de 150 anos do Capital, procura-se negar Marx, tanto à Esquerda quanto à Direita, as mudanças do Capitalismo são usadas como veio desse processo, agora mesmo, busca-se um “Novo” sujeito, ou a sua não existência. São as formas de lutar contra Marx, mesmo sem o ler ou compreender a profundidade dos fenômenos, que ele trouxe luz à escuridão teórica.
Nessa época do ultraliberalismo, parte do do movimento social de esquerda (ou da Esquerda da Esquerda) acredita piamente na mudança de paradigma parecida com a mudança da” sociedade agrícola para a sociedade industrial”. Agora, tal mudança, seria da Sociedade Industrial para “Informacional”, seja lá o que diabo signifique isto.
Ora, a sofisticação produtiva, não substituiu o modo de produção capitalista, nem há uma transição dele para qualquer outro modo de produção, a não ser que o tal “Capitalismo Cognitivo” seja um modo de produção “Novo”, mas falta categoria econômica e filosófica que justifique tal tese.
Marx é tão profundo e original que desafia a modernidade atual, assusta e desafia.
Pensar Marx hoje é ter capacidade de compreender as contradições do Kapital e apontar saídas, entender que o velho proletariado fabril, pode não está num mesmo espaço físico, mas sua exploração e sua mais-valia continua vital para a produção de Valor.
O infoproletariado, o uberizado, o precarizado, o sem terra, o sem teto, as classe médias urbanas, constituem a imensa maioria da sociedade e o Kapital não apresenta mais políticas compensatórias que amorteçam as imensas contradições. É claro que falta o amálgama, a política que os unam e possam derrotar o Kapital, o elemento subjetivo está adormecido, ainda sofre o peso da derrota recente, 30 anos é muito pouco tempo na história.
Vida longa, Marx!