O ano de 2022 pode significar a consolidação da retomada da Democracia e da Política, como critérios fundamentais das sociedades modernas. Depois de mais de uma década de rupturas e de uma onda obscurantista com o ultraliberalismo dominando os destinos da humanidade, aprofundando as diferenças econômicas e o fosso social em escala mundial e jamais vista.
A grande Crise Econômica Mundial de 2005-2008, a maior desde a crise do petróleo e dívidas, que pariu o neoliberalismo, com essa última, o ultraliberalismo se impôs de forma devastadora. A necessidade de uma nova ordem é uma das características das grandes crises do Capital, principalmente se ela vai mais fundo do que uma mera crise cíclica de ajustes.
As grandes crises abrem a época da Revolução, entretanto, se o hiato aberto entre a Crise (queima de forças produtivas e Capital) e a retomada de um novo ciclo, não tiver resultado a ruptura por uma novo sistema econômico, em que a revolução é o aspecto central, naturalmente, o Capital se recompõe e vem mais forte e letal, rompendo qualquer regra econômica, política e jurídica, faz sua própria contrarrevolução e ajuste cruel.
É exatamente o que se deu, nesse 12, 13 anos.
Os EUA, o maior império já visto na terra, foi abalado profundamente, sua economia patinou por longos 6 anos, entre 2005 e 2011, sem nenhum crescimento positivo do PIB e de seus índices econômicos. Os EUA Lançaram mão de medidas extraordinárias de ajustes e de realinhamento de suas políticas econômicas, de exportador de capitais, passara, dramaticamente a trazer de volta suas divisas e empresas, quase rompendo com o padrão Dólar, quando lançou 3 enormes QEs (quantitative easing), além de ter distribuído 5 trilhões de dólares para recapitalização de bancos e empresas privadas.
Em outra frente, na Política, a vitória de Obama, trouxe um outro ajuste, o novo padrão de guerras e intervenções imperialistas para desarranjar os inimigos e adversários, criar dificuldades e crises. A grande política externa foram as “primaveras”, iniciada no norte da África, quase um laboratório, depois rapidamente levada à Europa, e na frente de combate à Rússia e China, como na Ucrânia e ameaças aos países sob influência chinesa.
Na América Latina, as tais “Primaveras”, transmutaram-se para “Jornadas”, varrendo os governos populares de esquerda (com suas contradições), fez com a Extrema-Direita assumisse as iniciativas políticas, o comando das ações de ruas e via ativismo jurídico, encurralaram, prenderam e criminalizaram personalidades, entidades da sociedade civil e sindicatos, além de emparedarem as instituições públicas e jurídicas.
Esse movimento global teve como norte o ataque à Democracia e a Política, justamente os elementos que permitem uma certa resistência ao Capital e seu poder irresistível de assimilar ou destruir os seus opositores. O que prevaleceu foi o rolo compressor, TODAS as conquistas sociais, trabalhistas, previdenciárias e de Direitos Humanos, foram dizimadas.
A Economia Política do ultraliberalismo significa a Uberização e precarização da condição humana, sendo o infoproletariado (parte mais destacada da classe) mais explorado do que em qualquer época da história do capitalismo, reduzido, atomizado e desorganizado, vitimado em sua condição de vida e de reprodução, suas defesas foram destruídas e uma onda ideológica de convencimento, para seduzi-lo da sua nova Escravidão.
Apenas um dado, mesmo em Pandemia global, apenas em 2021, os bilionários ganharam 1 trilhão de dólares, o que reflete o tamanho do rombo, não Democracia e Política que resistam a tanta violência e exclusão.
As organização da classe trabalhadora, do povo em geral, sentiram o baque dos ataques e não conseguiram resistir, teve como resultado um enorme retrocesso nas conquistas por anos seguidos. Os governos ultraliberais literalmente “passaram o carro” e deram marcha ré, para matar, mas não destruíram a classe.
A lenta retomada é desigual, a brutalidade dos ajustes trazem contradições e consequências, em todos os lugares do planeta. As lutas e as resistências tiveram alentos com as derrotas de Trump, Merkel, novos governos na Espanha e no Chile. Além de Argentina, Bolívia e Peru.
A Pandemia não permitiu ainda que se possa dizer claramente que essa retomada terá sucesso ou qual o grau de reconquista se conseguirá. Os próximos grandes embates se darão na França e no Brasil, há uma expectativa de que haja vitória de centro-esquerda e que contribuam para esse novo patamar de importantes mudanças no mundo.
A pergunta que se faz é: Qual o limite desses novos governo diante das economia devastadas pelo ultraliberalismo?