Vileza – o método e o modo “normal” de combate.

Desdemona e Otelo, um Iago sempre pronto ao trabalho.

“Com uma teiazinha tão pequena assim, pretendo pegar uma mosca do
tamanho de Cássio. Sim, dirige-lhe sorrisos; mais um pouco, e eu te
amarrarei com tuas próprias cortesias” (Otelo – Shakespeare)

Ter lidos os grandes livros, dos gênios literários, para além do prazer da leitura, aprendi muito sobre o comportamento humano, suas doçuras e diabruras, a capacidade de doação, altruísmo, humanismo, mas também a vileza, crueldade, os baixos institutos.

De certa forma, todos nós, somos anjos e demônios, é um exercício diário lidar com essa dualidade.

Os grandes personagens nos contam sobre nós, ainda que sejamos minúsculos diante deles, entretanto,  eles e nós, carregamos os mesmos sentimentos e capacidades, pouco importando em qual lado da história, ou qual posição social que ocupemos. Individualmente somos tentados pelo poder, ainda que pequeno, e raramente mantemos uma postura ética, assertiva e reta.

A construção humana, coletiva, pode ser o caminho para que valores comuns, de bem comum, de que sejam partilhados, nos salve de nós mesmos, de nossa natureza dual e dúbia. Ainda que essa construção carregue e dependa de uma superação individual, de um “contrato” que personalidades distintas se identifiquem e passem a agir na mesma direção e sentido.

Há sempre o risco da fábula do escorpião, a nos espreitar.

É tão complexo e difícil identificar um Iago, um Cláudio, a sedução, a bajulação, é um bálsamo aos vaidosos, massagear seus egos, os tornam cegos, não percebendo nem a situação, nem personagem que o cerca, que o seduz, parece gratuito, mas a conta chega de forma fatal. Até mesmo um Brutus, o filho que não é filho, pode esfaquear o “pai”, César.

A sanha cega pelo poder, qualquer um que seja, arrasta consigo um grupo sempre pronto a justificar os meios, por seus propósitos, lícitos ou não, alcançados. O que muitas vezes sabota a ideia da coletividade, sendo esta substituída por déspotas, raramente esclarecidos. Macbeth tinha que continuaa  a matar, senão seria morto, mesmo sabedor do veredito das bruxas, de que apenas o não nascido de uma mulher, o mataria,

O monólogo de Hamlet martela na minha cabeça, quase como a picareta que ceifou Trotsky, falando que é sempre bom pensar, refletir, sobre as pequenas e grandes vilanias, para que não as cometamos, não nos igualemos a quem as comete, inclusive, contra nós. Nada de sentimento de Jó, de dar a outra face, como o Nazareno o fez, apenas para não nos tornamos iguais aos que combatemos.

A vida é muito breve, a roda gira, às vezes trava, depois parece rodar em falso.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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