Era uma sexta-feira, não como outra qualquer, pois naquele dia começaria a primeira copa do mundo no continente africano, precisamente na África do Sul, como de costume, toda copa o brasileiro se torna mais brasileiro, o manto do patriotismo cobre com mais força o país, naquele dia não era diferente. As ruas em verde e amarelo, uma esperança no ar. O dia seria da abertura da copa do Mandela, aquele herói mítico mundial. Mesmo com alguma preocupação estava quase entrando no clima de festa. Os papos no trabalho e nas ruas eram sobre futebol.
Na hora do almoço a preocupação aumentou minha filha mais velha, Letícia, estava muito abatida, adoecida, um mês de dores e pesadelos noturnos, mas naquele momento optamos para leva-la ao Hospital Santa Catarina para passar por um clínico geral, quem sabe indicar um especialista, não tinha dado certo tentar adivinhar o que ela estava sentindo. E assim se fez minha esposa a levou ao hospital, fila de espera, muita gente gripada, normal na mudança de estação. Demora, demora, até ser atendida. O médico, muito jovem, como quase todo plantonista, fez várias perguntas sobre as dores que ela vinha sentido.
Pedido de exames de sangue, nervosismo pelo resultado que demorava muito a sair, as horas avançando, anoiteceu tinha saído do escritório quando recebo a notícia fatal: Leucemia. Aquilo parecia uma sentença capital, um castigo mais cruel do que jamais imaginado. A cabeça entra em parafuso, nada bate com nada, nenhuma racionalidade ou ideia de comportamento se estabelece, apenas tensão, raiva dor e choro contido, não podíamos denuncia o medo e o horror que estávamos sentindo. Tudo se escureceu.
O mergulho num abismo, um pesadelo muito longo, uns três meses depois consegui escrever um primeiro depoimento sobre aquele fatídico dia , #Leucemia : Quando ela bate na sua porta!. Foram vários e vários outros depois. No total, em 30 meses, mais de 100 artigos que direta ou indiretamente, contava da minha dor. A heroica menina venceu o terror, jamais saberei se eu vencerei o medo de perdê-la surgido naquele dia. A vida ganhou significado diferente, estranho.
Aqui, hoje, olhando os três longos anos passados, ainda não acordei plenamente, apenas respiro um pouco melhor.
Renaissance – Ashes are Burning
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Chorei junto, hoje sorrio junto.
Grande Luiz,
Obrigado pelo carinho de sempre,
Arnobio
MEU IRMÃO…TUDO PASSOU E A VIDA TERÁ OUTRO SIGNIFICADO PARA VOCÊS…E PRA NÓS TAMBÉM, MAS HOJE É DIA DE AGRADECER A DEUS O DOM DA VIDA DA LETÍCIA!!!!OBRIGADA, SENHOR. ABRAÇOS, SUA IRMÃ QUERIDA…RSRSRSR LUCIETE
Loirinha,
Obrigado por tudo, pela sua fé e confiança, apoio que no deu em todos os momentos,
Beijos, Mana. Das irmãs loira, você é a que mais amo, tá bom?
Arnobio
Caro Arnóbio, eu que passei por experiência semelhante, mas não igual (nada é igual ao que se passa com os filhos), te parabenizo pela caminhada. O significado do “pós” tem que ver, mas a vida muda…muito. Abraço e obrigado por Ashes are Burning.
Eudes,
Obrigado pelas palavras, a vida depois de algo assim é diferente, até se acostumar a viver sem medo, mas chegaremos lá.
abraços,
Arnobio