Viajando em ideias e sentimentos, veio as imagens do Afeganistão, daquela gente que foge, sem nem saber de quem ou do quê, o desespero os guia, não há uma salvação, é um mundo impossível e incerto, os olhos se enchem de lágrimas e uma emoção única, por não saber o que fazer, apenas se compadecer de um irmão imaginário.
Penso naquele mundo tão distante de nós e, ao mesmo tempo, tão ligado ao nosso destino, aos nossos passos e caminhos, ambos submetidos aos invasores, perniciosos e bárbaros, que tomam tudo para si, depois partem deixando rastro de destruição e de suas falsas promessas, de que inundariam de esperança, vida, democracia e liberdade.
Os acordos do passado, do presente e do futuro, giraram em torno do umbigo do império do “bem”, na sua luta contra as sombras, matando e destruindo tudo o que vê ou não enxergam.
Os três trilhões gastos no “Projeto Afeganistão”, fez mais bilionários, os já ricos nos EUA, azeitando a máquina de guerra, da indústria mais poderosa da terra, que precisa da guerra, como nós do oxigênio para viver.
Depois de vinte anos, os homens dos EUA voltam mais ricos para sua casa, com 250 mil mortos deixados lá, nenhuma civilização construída e são abandonados à sorte (ou azar), em particular as mulheres afegãs, que serão novamente vitimadas pelo terror Taleban, das burcas, da ignorância cultural, da proibição de serem elas mesmas, sem direito à educação elementar.
A barbárie venceu.
Isso aí é a Política, a Economia, dos senhores do mundo e sua ética e moral perversa. Cinicamente, Biden, culpa os afegãos pela volta do Taleban ao Poder. Aquela gente teve sua tragédia aumentada pelos invasores americanos, cuja única razão é e sempre será apenas alimentar seu modo de vida, de sua máquina mortífera, em Cabul, Bagdá, Trípoli ou em Brasília.
Os EUA criaram os Talibãs, assim como geraram os bolsonaristas, a ideologia é a mesma, desprezo pelo diferente, pelo anticomunismo atávico, odeiam as mulheres e suas liberdades, lutam contra a cultura, tudo em nome de Deus e da família.
Aquela tragédia é a nossa, é de nossas meninas, de nossas mulheres, de nossa cultura, do ministro da educação que diz que a Universidade é para poucos ou que os deficientes atrapalham a educação, um radical religioso, como será o ministro da educação talibã, como será selvagem o presidente afegão, em nada diferirá de um Bolsonaro.
Nossos laços e tragédias são iguais, talvez o grau seja, por enquanto, diferente.