As lágrimas do domingo são como pedágios de dores e frustrações e de perda.
A saudade da Letícia vem de uma forma avassaladora, as lágrimas começam a cair molhando o rosto, quase não enxergo as letras enquanto estou a digitar essas toscas linhas, de desabafo e de derrota, de algo que não se mudará jamais, para todo o sempre.
A garganta se fecha, assim, impedindo que grite alto, não nada que possa estancar tanta dor, aquela mais abstrata, estúpida, machucando o peito, o corpo parece que foi açoitado, mas não apresenta nenhuma marca, o que não condiz com o que olho e vejo como se estiver cortado, linha a linha.
É fogo, isso não terá fim, nem após o meio fim. Isso porque o fim já se deu, apenas não me dei conta.
Olho pela janela a imensa lua de Fortaleza, a posição geográfica tão próxima da linha do Equador faz parecer que a lua é logo ali, tão perto, se agiganta. Olho mais e fico perdido buscando a Lê em alguma estrela, não é possível que simplesmente ela tenha partido, faz-me acreditar que a vida não tem o menor sentido, para que tudo isso, nada é tão cruel do que vivo.
Encontrar um modo de seguir é quase uma fuga, no fundo é isso mesmo, não pensar, não ter alguns segundos de lucidez, pois quando vem a vida real, é ficar despedaçado, um vulcão de pensamentos pronto para entrar em erupção, explodir, quem sabe assim, haveria uma paz mais duradoura.
Escrevo em fúria, como se fosse esmurrar todos aqueles caras do hospital samaritano, sem perdão ou desculpas, por tudo aquilo, a vida dela se foi e não fiz nada, nada. Ao mesmo tempo em que ouço músicas sinto que a confusão mental é grande demais.
Coração dilacerado, tudo dói, é um cansaço que torna mais lento qualquer movimento.
Chorar.