D. Fátima Rocha, a minha mãe, tem 78 anos e vive bem e com boa saúde, mantém a extrema lucidez e memória invejável, tem uma vida muito ativa com  suas habilidades e contatos com suas amizades, agora virtuais pela Pandemia, suas viagens estão prejudicadas. Ainda é metade jacaré, pois só tomará a próxima dose da vacina no início de maio.

Fico olhando admirado com a velocidade com que ela vai conversando e ao mesmo tempo, sem olhar, fiando seu crochê tão delicado. Essas mãos que fiam as roupas, agora para sua bisneta Catarina, são as as mesmas que cuidou dos seis filhos, enquanto também cuidava dos milhares de alunos em 33 anos em que foi professora e diretora de escolas públicas.

São as mãos hábeis que preparam um pequeno vestido para aquela menina tão especial para toda a família Lopes Rocha, também da família Nobre e de Tabosa. Pela habilidade de tecer fios e histórias, nossa grande matriarca corta o tempo e o faz passar.

É a oportunidade que ela tem de falar com os seus filhos presentes à cena, sobre cada um de nós, de como nascemos, o ambiente em que vivíamos, os momentos difíceis e os dias, em maior número, mais felizes com o seu velho Pedro Rocha, companheiro de 52 anos, 8 meses e 15 dias, fora os 10 anos de espera para casarem, que, segundo ela, estava acertado desde os 11 anos de idade.

Ali, absorta, com seus ouvidos de “tuberculoso” (pesquisar o significado), ela paira sobre todos nós, dá conta de cada cochicho e conversa paralela. O tema é Catarina seu desenvolvimento em quase 3 meses, dos 76 dias na maternidade, a ida para casa, as fotos e os vídeos, que a pandemia nos faz admirar de longe.

O vestido que mamãe meticulosamente vai tecendo está quase pronto, os pontos contados na cabeça, a beleza que está ficando, o amor imenso que ela aplica para sua bisneta, tudo isso nos emociona e ficará guardado em nossas memórias.

Sua Benção, mãe!

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