A minha alucinação é suportar o dia-a-dia,
E meu delírio é a experiência com coisas reais
(Alucinação – Belchior)
Os efeitos psicológicos da pandemia podem ser maiores do que da própria pandemia, inclusive na quantidade de mortes advindas deles.
As mortes por Covid-19, ainda que subnotificadas no Brasil e no mundo, são possíveis de se mensurar, os números explosivos, que cresceram assustadoramente em pelo menos duas ondas fatais. Agora se corre contra o tempo para uma vacinação e imunização imediata, frear um pouco dessa carnificina que choca a humanidade e tornou em tormento o dia a dia.
E as Sequelas sociais, físicas e psicológicas, como dimensionar?
A desagregação social é ainda incerta e só uma combinação de números de desemprego, subemprego, renda, miséria, fome, ampliação de periferias, as ocupações em áreas cada vez mais perigosas e em condições insalubres. A perda de espaços urbanos e de cidadania.
A longo prazo poderá se constatar que a Pandemia serviu como remédio, cruel, para que o Capitalismo prolongue seu poder e força sobre a humanidade, com o aumento do fosso social e econômico, que ameaça fazer desaparecer a classe média, os empregos formais, as políticas públicas inclusivas, o fim da previdência e aposentadorias aviltantes, com a obrigação de trabalho quase escravo para velhice, por subsistência.
Na outra ponta, uma casta de trilionários e bilionários, donos de tudo e de todos, com suas as imensas corporações comandadas por um punhado de bancos e senhores do Kapital. É fácil saber que em apenas um ano de Pandemia a transferência de rendas, uma transfusão de sangue, dos mais pobres para os mais ricos. foi gigantesta e é um escarnio, não só do ponto de vista econômico, mas de ética e moral.
Ora, se é provável que se saiba os mortos diretamente ligados à doenças e seus efeitos físicos, como entende a dimensão da tragédia humana do ponto de vista psicológico?
Diante das condições de aprofundamento da miséria e do desemprego, de perda de sonhos, das possibilidades de vida digna e com alguma segurança econômica e de futuro, dão um panorama da confusão mental que paira sobre as cabeças da maioria da população do mundo.
A sensação de que se pode até escapar do COVID-19, entretanto, não se tem certeza de como seguirá a vida do ponto de vista material, o que faz aumentar o desespero e as dores físicas e psicológicas. Nesse sentido, é perceptível perceber o comportamento errático de milhares de pessoas que negam a doença, negam os valores elementares civilizatórios, as leis da ciência e da natureza.
Mesmo os que resistem à negação, também são fortemente atingidos pelas perdas, pela desesperança e pela impotência de não se saber como reagir, especialmente quando submetidos aos governos despóticos que usam a Pandemia para destruir o Estado e a Economia, como é o caso Brasil.
As múltiplas dores se amplificam e se somatizam transformando-se em novas doenças, até mais graves, que só o tempo dirá o tamanho do rombo causado a humanidade. Infelizmente não está fácil se manter de pé, é preciso resistir e lutar, primeiro contra nossas próprias dores, depois como nos organizar, coletivamente, nessa situação de isolamento, para enfrentar o mal naturalizado.
Não é pouca coisa.