Dia 26 de dezembro de 2020, minha sobrinha entrou em trabalho de parto, com seis meses, e veio ao mundo pequena Catarina com 875g.
Aquele sopro de vida e todas as incertezas e preocupações dos três meses que viriam, no meio de uma Pandemia, isolamento, riscos, além dos desafios da própria sobrevivência de prematura. Na minha cabeça veio a lembrança de Gleyciane Nobre, a quem pus no colo aos 6 dias de vida, agora, quase 32 anos depois, uma nova vida estava em suas mãos, a primeira filha.
Foram 76 dias de luta e crescimento dia a dia, gota à gota na incubadora, os pais, Gleyciane e Marcus, indo de manhã e de tarde para lamber a cria, olhar e amar, mais e mais, aquele ser tão pequeno e tão cheia de vida.
A última semana fora a mais difícil, com novo lockdown, as visitas foram reduzidas e aumento da dor da separação dos pais, visitas de apenas 15 minutos a cada 24 horas era muito dolorido, e o teórico nonagésimo dia tão distante.
A esperança veio ontem, 11 de março, com a possibilidade de que hoje se antecipasse a ida para casa.
Catarina, o amor da bisavô Fátima Rocha, o amor dos avós, Pedro e Jaqueline, o amor do tios-avôs, dos primos, hoje saiu da clínica, a emoção coletiva e a certeza que a nossa pequena Catarina, a mistura boa de Rocha, Nobre e Tabosa terão nela nosso futuro.
A vida visitou nossa casa novamente depois da partida do velho Pedro Rocha, do querido cunhado, José Francisco e da minha Letícia Rocha.
Uma pena não poder repetir a cena de ter Catarina no colo, como tive a pequena Gleyciane nos braços.
Obrigado, Catarina, nosso amor renovado e cuidado para sempre.