1770: Vacinação, Pandemia, Geopolítica e Necropolítica

Brasil: Um país que vai morrendo dia a dia.

“Criai coragem; não há noite fria, por mais longa que seja, sem seu dia” (Macbeth – Shakespeare)

O acesso as vacinas vai definir a Economia e Política no mundo. Os laboratórios que estão desenvolvendo as vacinas demonstram como a tecnologia cumpre o papel de dividir o mundo, não por ideologia, mas por quem vai sobreviver no cassino do Capitalismo.

Há um grupo seleto de nações em que se concentra os centros de excelência, não apenas na questão da vacina, mas também no desenvolvimento de pesquisa em ciência, tecnologia e inovação, que reflete quem manda no mundo, como o capitalismo mantém sua lógica de exclusão e funcionamento.

Nesse sentido o Brasil, que chegou a ter um lugar na mesa do G8, mas que jogou tudo pela janela, num suicídio de uma nação em pouco tempo como poucas vezes se tem notícia na história. O que nos parece óbvio é que o suicídio foi induzido, extremamente bem urdido, não é algo espontâneo e/ou aleatório.

Onde começou esse clima que leva ao resultado de suicídio coletivo do Brasil?

É preciso discutir sem medo das diferenças e procurar uma saída ou algum ponto de retorno ao patamar alcançado no segundo governo Lula, por exemplo, obviamente, corrigindo erros, aprofundando a independência e na luta pela reconstrução de uma nação.

Do ponto de vista do que observamos na análise que fizemos da crise 2005-2008, inclusive publicamos um livro de economia política, houve uma mudança fundamental na lógica do Kapital, sinteticamente, uma ruptura com o que tinha sobrado do Estado de Bem-estar Social e com o Neoliberalismo, aquilo que hoje se denomina como Ultraliberalismo.

A Crise de superprodução paradigmática teve o poder de impor mudança mais radical desde 1929,  para que novos ciclos do Kapital se estabeleça.

O maior vetor dessa ruptura é a desconstrução radical do Estado. Os dois empecilhos aos novos planos seriam Democracia e a Política, justamente o que mais se atacou, a criminalização, judicialização, ou qualquer nome usado, pós-democracia, pós-verdade, respondem a este fenômeno.

O Estado (Política, Democracia) que provia o acesso mínimo aos direitos fundamentais foi atacado de forma virulenta, nada poderia sobrar. A palavra de ordem era a Austeridade, que virou o centro dos desejos do Kapital, aliada à Liberdade.

Por um lado, entregar tudo que possa ser repassado para exploração privada, para a recomposição da Taxa de Lucro depende dos 0.20 centavos. Ao mesmo tempo que se grita por liberdade, contra corrupção, por exemplo, cotas x meritocracia.

Os anos de 10, deste novo século, serão lembrados como o de abertura da Caixa de Pandora. Todos os excessos, jornadas, occupies, indignados, convergiram para o mesmo lado do Tea Party, da Necropolítica. Consciente ou não, manipulados ou não, o Kapital capturou idelogicamente a Direita e a Esquerda, inclusive os setores mais radicais dos dois lados.

O resultado prático dessa loucura coletiva foram Trump, Bolsonaro, Orbán, Duterte, Salvini e tantos outros, que trabalham pela lógica do ultraliberalismo, pela destruição de nações, com a contradição de terem recebido votos populares.

O Brasil é um dos cases de sucessos, sair da experiência de 20 anos de estabilidade, com governos de centro e centro-esquerda, parece um luxo na história nacional, tão acostumada às rupturas democráticas. Os movimentos do Kapital de romper o Estado, atingem em cheio o governo Dilma, a campanha bem azeitada de anos, tiveram resultado no momento que a crise econômica recrudesceu, abriu-se a época da politica, aqui, do Golpe.

O suicídio foi construído com paciência, amortecendo resistências, preparando algo impensável, como um governo Bolsonaro. A questão se torna evidente diante da pandemia, as milhares de mortes tratadas como algo normal e banal, a  lógica da necropolítica praticada pelo governo Bolsonaro é o resultado fim, de uma época histórica.

Há saídas?

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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