Arnobio Rocha Crise 2.0 O Negacionismo do Voto, da Pandemia, da Vacina, da Vida…e Morte!

O Negacionismo do Voto, da Pandemia, da Vacina, da Vida…e Morte!


O Negacionismo levou às milhares de mortes.

“Normalmente, eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel” (Umberto Eco, sobre a Internet)

O Negacionismo infantil quase ingênuo das teorias da conspiração (algumas maravilhosas), aqueles manifestos de que há forças invisíveis, extraterrestres, máfias, sociedades secretas, poder paralelo, ou acordos super secreto de domínio da vida e que a “liberdade” está em risco permanente, sempre esteve presente e faz parte da paisagem e do folclore humano

A onda de estupidez que tomou conta do mundo de forma ampla e irrestrita, não é um mero acaso, ou um coincidência de astros (by astrólogos), se transformou em força política, saiu dos becos, das mesas de bares, ganhou dimensão planetária.

Entretanto, como bem observou Umberto Eco, a internet potencializou o idiota, ele tomou corpo, cresceu, as barbaridades individuais, ou de pequenos grupos obscuros, encontrou na internet o algoritmo perfeito para juntá-los, fazendo assim que virasse força política essencial na década de 10, deste novo século.

Recuando um pouco no tempo, em janeiro de 2011, quando explodiram as manifestações, justas, da Praça Tahir no Cairo, houve uma intensa discussão no meio dos ativista digitais de esquerda, blogueiros progressistas, de que surgia um novo sujeito da “revolução”, que era justamente o ativista de redes sociais, naquele ano, o twitter e o facebook, tinham suplantado o Orkut.

A vitória da queda do famigerado governo ditatorial do Egito parecia indicar uma nova era. Meses depois os indignados da Plaza del Sol, em Madri, os Ocuppies nos EUA, os movimentos convocados pela internet na Itália, na Inglaterra, parecia dar razão de que uma nova força de ruptura surgia no mundo.

Naquela época, neste espaço fizemos a polêmica de que não havia nada de novo sujeito revolucionário “digital”, a internet era meio, inclusive confuso do que se queria, havia uma confusão de objetivos, que não definia ideologia, apenas questionava a democracia burguesa como tal, a corrupção, a vigilância, mas isso poderia ser captado por forças antissistema com viés fascista.

A evolução rápida desses movimentos para grandes massas, teve como ponto alto a Praça Maiden, em Kiev, ali o caráter de classes, quem efetivamente estava manipulando os algoritmos, ficou mais claro, a queda do governo e a atuação da CIA foi revelada de forma aberta.

A chegada ao Brasil, com as jornadas de junho, movimento genuinamente de esquerda em sua origem, que foi capturado pela Direta, e dali o tal “gigante” acordou e deu no que deu.

É importante localizar o fenômeno e principalmente o conteúdo central: O Negacionismo. O conjunto de valores primários, anticomunistas, contra a esquerda, contra aborto, pelas armas, da terra plana, das fake news virando verdade, como os bilhões do filho do Lula, do kit gay, da mamadeira de piroca.

É também crucial entender que esse movimento, aparentemente “espontâneo”, conseguiu galvanizar para si as bandeiras moralistas, aproveitando-se de erros dos governos de esquerda, transformando-os em vilões, esquecendo todas os avanços e conquistas.

De certa forma, parte da esquerda, que fazia uma justa oposição política aos governos petistas, embarcou na onda moralista, da lava jato, por exemplo, que levou, inclusive ao impeachment sem crime. Quando se deram conta, não todos, o congresso de 2014 era um dos mais reacionários da história,

Em 2016, nos EUA, essa horda selvagem elegeu um completo imbecil para presidente, Donald Trump, um empresário que cresceu em meio aos negócios escusos, megalomania e à participação midiática. Um cidadão sem qualquer traquejo para liderar a maior potência mundial.

É claro que a burocracia estável, um poder absolutamente controlado pelo capital através de agências que exercem poder sem precisar governos, ou acima de governo, minimiza o impacto de uma época eleger Bush II, depois Obama e por fim, Trump. Esse poder perene das agências e burocratas, que denomino Estado Gotham City, pode prescindir das eleições e de políticos, de democracia, esse é o maior risco.

Em países em que o poder soberano é exercido pelo presidente, com instituições frágeis, como o Brasil, a eleição de Bolsonaro se constituiu como uma tragédia, um flagelo dos direitos humanos, da diversidade, das liberdades de imprensa, de expressão.

E na pandemia, o negacionismo irrestrito levou não apenas aos 200 mil mortos, em 07.01.2021, mas a completa falta de saída política, humanitária da enorme crise que o Brasil se meteu.

Os eventos de invasão do Capitólio é a cereja do bolo do Coringa dos EUA. Aqui seu espelho menor, já trombeteou que não aceitará os resultados de 2022, aliás, ele inovou, apesar de vencer em 2018, põe em dúvida os resultados, é muita insanidade numa única pessoa.

O atoleiro do Negacionismo pode começar numa brincadeira de bar, depois de internet, viraliza, vira força social, um discurso fácil, simples, de assimilação imediata, depois se transforma numa  hecatombe de proporções incalculáveis, ninguém consegue mensurar o atraso aos país por esses anos de loucuras, de Temer, de Bolsonaro

Aliás, nem saída se constrói para romper com esse ciclo vicioso, que tem num pronunciamento de um Pazuello (é sério, ele é ministro da saúde) se torna a imagem da tragédia, de 200 mil mortos e nenhuma certeza de Vacinação.

Só nos perguntamos, até quando?

 

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