Há quinze dias os mais afoitos comemoravam uma vitória por larga vantagem do candidato Democrata, o ex-vice Biden, nas eleições presidenciais dos EUA, como apontavam as pesquisas, parecia que tinham esquecido de 2016, quando Hillary já estava “eleita”, porém foi atropelada nos estados não alinhados com um dos partidos e perdeu no congresso, mesmo tendo 3 milhões de votos a mais que Trump.
A história se repete como farsa, pois Trump perderá nos votos populares, de novo por 3 milhões de votos, porém, dessa vez, está no caminho de perder no congresso, com derrotas nos mesmos estados por pequenas margens, o presidente vai para redes sociais e denuncia a derrota como “fraude”, ao mesmo tempo tenta apelar para recontagem e ações judiciais para impedir contar os votos.
A situação surreal levará alguns dias para resolver completamente, a lentidão da apuração e o sistema eleitoral extremamente confuso, serve de desculpas para um presidente completamente fora de sintonia com “sistema” ter desejos golpistas.
O que se percebe é que a grande mídia está construindo uma narrativa absolutamente surpreendente: Trump 2024.
Explico, minimizam sua derrota, chegam a dizer que houve um repúdio ao “programa” de Biden, por isso não venceu com facilidade. A Narrativa diz que o Trumpismo na verdade venceu o debate ideológico e em certa medida as próprias eleições, pois terá maioria no senado e grande força na câmara, fora que dividiu o país, e as pequenas margens nos estados, diminuem a vitória de Biden.
A questão que se impõe é que de fundo não há grandes diferenças programáticas entre Democratas e Republicanos, basta lembrarmos que a onda neofascista, as primaveras, jornadas, nasceram e foram incentivadas no governo Obama. Na verdade a radicalização desses movimentos é que levou aos governos como de Trump, Bolsonaro, Boris Johnson, Orbán, Duterte, fora os golpes e nenhum respeito à democracia.
A negação política feita por “políticos”, é a mesma lógica que levou a negação da Covid-19, é o mesmo sentido movimento de negar a derrota, de não aceitar antecipadamente os resultados eleitorais, como fez Trump, Bolsonaro e seus adeptos já começam a falar dos “riscos” da esquerda em 2022, pois elas fraudaram as eleições dos EUA, o delírio tem um método, é preciso não menosprezar.
Sobre Biden, é um falcão democrata, do ponto de vista da presença dos EUA e seu imperialismo será mais sentido no mundo, não será estranho mais intervenções, a diferença é que ele não terá a “boca suja” nas redes sociais, será polido no trato, terá alguma perfumaria na questão ambiental, nos órgãos multilaterais, mas continuará a guerra santa contra a China e a exigência de alinhamento da América Latina.
A Derrota/Vitória de Trump é um aviso sobre o bolsonarismo essa excrecência da política brasileira, não deve ser desprezada, talvez uma diferença fundamental é que a economia dos EUA está tão mal das pernas, ao contrário da economia brasileira. Mas a proximidade de Bolsonaro com o centrão há uma movimento de conserva o poder, aqui, a caneta presidencial faz enorme diferença, nem tanto nos EUA.
Por fim, essa confusão das eleições eleitorais, apesar das particularidades próprias do sistema eleitoral dos EUA, depõe contra a Democracia e contra a Política, os negacionista usam esse imbróglio para tentar desmoralizar a Democracia, que o problema está nela, reforçando esse movimento a irracionalidade que só favorece o próprio Kapital nessa fase Ultraliberal.
Aguardemos, as urnas e o judiciário.