7 de dezembro de 2025

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  1. Em 2009, havia pouco tinha chegado à Espanha, fui ver no Teatro Liceu, “A vida é sonho”, drama lírico do Teatro Barroco espanhol escrito por Calderón de la Barca, um dos três grandes dramaturgos, ao lado de Lope
    de Vega e García Lorca. Chamou-me a atenção a montagem quase “moderna” da peça, com o ator Chete Lera. O drama conta a história do príncipe Segismundo, que, após uma profecia de que tomaria o trono do pai, foi por esse encarcerado ainda pequeno, de sorte que a vida que ele vivia e conhecia era somente naquela “caverna” (de Platão), até que, convencido por “revolucionários” que o libertam, investe contra o trono do monarca e toma o poder, não sem notar essa dicotomia entre o sonho e a realidade da vida, depois que conhece a vida lá fora. Embora tenha tomado o poder, Segismundo o devolve, pois não o quer. Aprendeu que a única felicidade possível pra ele é exercer sua própria liberdade. Já disseram que Segismundo é um Hamlet revolucionário e idealista, pois, ao contrário do personagem shakespeareano, não se comporta como uma peça na emgrenagem do poder, tanto que o contesta e o despreza. Mas e nós, que estamos na “caverna” do isolamento social, o que virá quando findar a quarentena? Vejo dois caminhos possíveis, ainda que possa haver bem mais: emergirá das sombras regime ainda mais autoritário, ou não aceitaremos mais essas relações do velho capitalismo, que nunca podemos subestimar.

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