Este final de semana soube que faleceu um grande cara, Vito Gianotti, que tive o prazer de conhecer e admirar, mesmo que não tenha gozado de sua intimidade, sua presença foi marcante para mim, mesmo depois de quase vinte anos sem encontrá-lo, sua figura permaneceu viva na minha memória. Acompanhava à distância sua rica trajetória, por amigos comuns sabia que ele se mudara para o Rio de Janeiro, mas continuava sendo o mesmo de sempre.
Vito, o italiano, era denunciado pelo sotaque carregado e pelos gestos largos; do falar alto e forte ao carinho demonstrado com todos que o cercava. No começo dos anos de 1990, recém-chegado a São Paulo, participei discretamente do MOMSP (Movimento de Oposição Metalúrgico de SP), que era um dos carros-chefes da combativa CUT Regional SP, ali era o território do Vito, dos jornais, da panfletagem, da agitação e propaganda.
Henrique Acker, jornalista carioca, meu companheiro de CGB, ou qualquer sigla que participamos, veio para São Paulo e foi trabalhar como jornalista na CUT Regional SP. Nós dois éramos de um grupo minúsculo, mas sempre fomos tratados com extremo respeito e lealdade, em especial por Vito, algo estranho para nós, pois era uma época de tanta virulência política no seio da esquerda, em que ninguém perderia a oportunidade de esmagar o outro.
Este exemplo me marcou profundamente, principalmente por vir de longe, num ambiente hostil, vi tanta camaradagem de um cara que nem era de nosso grupo. Atitude digna, solidária, tão em falta naquela época e mais ainda hoje em dia. O velho militante que se vai, mas que nos deixa um rico legado, uma lembrança de quão importante foi sua luta, a nossa luta.
Como escreveu Acker, no seu blog, sobre Vito (Vito Gianotti, um iluminado): “Talvez o sonho de uma rede de comunicação que dispute com a mídia patronal no Brasil ainda esteja longe. Mas não se pode dizer que ele não tentou. Foi um incansável batalhador pelas causas populares”.
Baden Powell – Gente Humilde
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=lvifLaealAI[/youtube]
Bacanas as suas lembranças, Arnobinho. Ele era um grande cara mesmo.