Um blog se torna uma ferramenta de suas memórias afetivas/eletivas ou de suas memórias ficcionais, a diferença de escrever um livro é o tempo e o espaço, aqui se escreve sem a preocupação posterior das duas possibilidades, a eternidade da obra ou o lugar que ocupará na história. As ideias podem surgir e nos poremos a escrever, sem compromisso de que sejam longas ou curtas, em geral, no meu caso, combino as duas memórias como forma de contar uma história ou para afirmar uma tese, um pensamento.
Depois de algum tempo, indo e vindo, por meus caminhos, visitando regiões das memórias, trazendo minhas músicas fundamentais, quase todas do passado, meus grandes filmes, estes presente e passado se fundem e mais ainda meus livros as minhas melhores e maiores viagens ao conhecimento, àqueles autores heroicos que pensaram o mundo e a vida, apenas com a palavra, nem sempre escrita, pulsando os versos, interpretando sonhos, a psique, revelando a alma humana, sem prejuízo do poema e da emoção ali vivida.
Neste último mês procurei descobrir o sentido da Felicidade (O que é a FELICIDADE?), o conceito filosófico, humano, principalmente onde ela se manifesta(A Felicidade…É ouvir Tom Jobim ou Do Virtual ao Real – Vã Filosofia.), as minhas buscas me levaram à música, nelas se expressam muito da tristeza/Felicidade de um povo, região ou país, os mais diferentes possíveis. O que me assustei com meus terríveis limites, como conheço pouco de nossa latinidade, da música de Cuba, a rica cena de Espanha e menos ainda da maravilhosa Argentina.
Fiquei impressionado como esta lacuna cultural me empobreceu a visão que tenho sobre estes países e suas verdadeiras riquezas, as suas pessoas, as maravilhosas figuras, seus ídolos, tão ricos e únicos, passados ao largo por tantos anos. Falar português é um castigo estúpido, efetivamente nos afastou de nossos irmãos mais próximos, cuja identidade e lutas pela dignidade são tão parecidas com as nossas. O Brasil é um continente isolado e assim continuará se não dialogar e se fundir com aqueles que efetivamente estão no nosso real horizonte político e cultural.
A cultura, a latinidade, seria a nossa maneira de nos aproximar mais, pois nem quem teve mais chance de estudar e buscar, se deu conta de onde vivemos, em que lugar da terra, a região geográfica. As descobertas destes dias são espetaculares, cantores, grupos, filmes, livros, rever alguns que estavam guardados longe do dia a dia, agora trazidos ao meu cotidiano, partilhado com aqueles que me leem e que convivem comigo. Um novo compromisso assumido, sem perder o que acumulamos, mas a necessidade de buscar novos rumos.
Continuando o passo de ontem, em que ouvi e compartilhei muitos tangos (Por Una Cabeza – Tango de Gardel.), agora trago Adriana Varela e um programa da TV estatal argentina “Encuentro en el Estudio” cujo tema é o resgate do tango, é uma aula de história e de grandes músicas imortais, como ela mesmo, quando perguntando por que o tango é tão universal, assim definiu que “O tango propõe um abraço, um abraçar a cintura, é uma contradição da globalização que separa as pessoas e os povos”.
Uma definição genial, ouçamos tudo.
Encuentro en el Estudio con Adriana Varela – Completo
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=NQWHtACC4Hw[/youtube]
Un vestido y un amor – Adriana Varela
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=bu0LU69TWEA[/youtube]