Na casa do Seu Raimundo Lopes estava sempre cheia, muitos filhos, muitos mesmo, dois felizes casamentos com longas proles, mas não satisfeito, meu avô trazia para convívio de sua casa os amigos dos filhos, que passavam a ser também seus filhos, aquelas cenas de dezenas de pessoas zanzando pela casa, correria dos pequenos, grupo dos adolescentes e outro dos mais adultos, sempre entre uma pilhéria e outro, vovô cheio de alegria e prazer de curtir aquela imensa família, não raro contarmos 50, 60 pessoas ali nos corredores do velho casarão.
Na casa de Pedro Rocha, principalmente na fazenda atual, os filhos, netos e bisneto fazem a festa e alegria do meu pai, aquele senhor brincalhão e suas finas tiradas letais. Ali, naquela casa, com seus alpendres que a cercam, dezenas de redes e tucuns são armadas para receber e nos reunir em torno dele e de minha mãe. Mais uma vez a lição se segue e os amigos dos filhos do Seu Pedro, acabam virando seus filhos também, motivo de alegria e preocupação, um cuidado e zelo como se filhos fossem, e são.
Estas lições de avô, de pai, agora tentamos aplicar em nossas vida, em nossa casa, nosso núcleo familiar já é bem menor, apenas duas filhas, mas elas são criadas no mesmo ambiente dos seus antepassados, de trazer seus amigos para nosso convívio, comer de nossa comida, rir de nossas piadas, participar de nossas celebrações. Mas, principalmente, se sentir filhos de nossa casa. Procuramos fazer, aqui em São Paulo, o que aprendemos no nosso Ceará, acolher pessoas, gente, aprender com elas, ensinar o que sabemos.
Os amigos e amigas de nossas filhas são nossos filhos também, desde cedo passamos isto para meninas, que elas tragam seus amigos e amigas para dentro de casa, venham festejar conosco, conversar, tornar próximos de nós, sendo felizes e dividindo suas preocupações. Muitos dos nossos amigos se tornaram amigos graças às amizades de nossas filhas. Numa cidade como São Paulo é fundamental esta confiança, esta integração, para sabermos mais de nossos filhos e seus amigos, para dividirmos as responsabilidades de cria-los melhor.
Incentivamos as meninas a ajudarem seus amigos na escola, nas dificuldades, na integração com os demais, respeitando as diferenças e buscando relacionamentos fraternos e duradouros, a decisão sobre com quem interagir é delas, mas damos todo o apoio nestes momentos e acolhemos como filhos, para que sintam confiança e amor em nossa casa.
Tempo bom de casa cheia, a família, amigos, mas devemos conservar em nossas casas o que aprendemos dos nossos pais, principalmente ajudar a quem precisa.Nossos pais são exemplos para todos nós…amo muitooooooo.