“E tudo q nos parecia sólido, sumiu ao vento como nossos desejos” (Marx e Eu apud Shakespeare)
Este texto complementa os dois anteriores ( Indignados, será que surgiu o “Novo”? e Xamãs, Gurus e a Novidade Nova ) procura debater o tipo de capitalismo que se engendra naquilo que se denominou de “o Novo”, partindo de experiência de coletivos que usam fartamente de mão de obra não-paga, em nome de causas aparentemente revolucionárias, mas que de fundo podem se revelar um completo atraso. Precarizando, desvalorizando o trabalho humano, quer seja artístico, intelectual (abstrato) ou mesmo braçal.
Na época do Imperialismo, a fase superior do Capital(K) a produção de riqueza gerada de forma ampla e espalhada em todo o mundo, o plus de valor gerado, a mais-valia é Relativa, com introdução de tecnologia em larga escala, o que não necessita de longas jornadas de trabalho, pois o “Novo Valor” se dar com o menor tempo necessário para a reprodução do homem, sobrando assim um maior tempo de trabalho não-pago, para apropriação do Capital. Tratamos da Relação de vida e morte do Kapital pelo seu objeto mágico, a Mais-Valia no nosso livro Crise Dois Ponto Zero – A Taxa de Lucro Reloaded.
Ora, recentemente nos batemos com pensadores, em geral ex-marxistas, que rompem com os conceitos essências da análise do Capital, em particular o conceito de Mais-Valia, como se ela tivesse “sumido” ou fosse impossível de medir, mas pensam manter uma “aurea” de esquerda. Alguns desenvolveram um conceito peculiar, que chega a ser engraçado, um tal de “Capitalismo Cognitivo”, seja lá o que isto possa significar, como um contraponto ao “outro” Capitalismo( seria este “Burro e aquele outro inteligente?). Chegam a negar o Imperialismo, então não teria como não negar o conceito de Mais-valia.
Mas a vida acaba, muitas vezes, por resolver estas polêmicas, a dinamização do “Capitalismo Burro (sic)” que redundou na Mais-Valia Relativa, é um dado que mais se confirma em aspectos globais, mesmo com elementos de aparente Mais-valia Absoluta. Porém, o que se apresentou como “Capitalismo Cognitivo” dos tais “capital solidário”, “resignificações”, “vivências” e outras mistificações em voga, nada mais é do que nos devolver à Mais-valia Absoluta. O trabalho não tem fim, os “projetos” não acabam nunca, fora que há metas. Indo mais a fundo, não é trabalho escravo, mas se aproxima muito de relações feudais de trabalho, portanto pré-capitalistas, mesmo que alguns falem de relações “colaborativas” como se ali existisse um modelo quase “socialista utópico”, ou se constituísse em Soviets, não são.
Do ponto de vista dos trabalhadores, e até mesmo do Kapital, a Mais-Valia Absoluta é um retrocesso, ela tensiona as relações e retomam patamares de flagelo humano. Por outro, lembremos que, a Mais-Valia Relativa, mesmo com menos horas trabalhadas, significam uma exploração maior, que é mitigada pelo menor tempo de trabalho ou do fim dos trabalhos aviltantes, mas não significando que os trabalhadores são menos explorados, é o contrário.
Mas o que mais vemos são os desavisados gritando que “o Novo” surgiu, se isto for o novo, voltemos ao velho, burro, estúpido, mas conhecido Kapital. Mais uma vez lembremos Marx apud Goethe:
“Cavam na terra, à cata de um tesouro,
dão com uma vil minhoca, e ficam pagos!”
Tristes tempos.