Arnobio Rocha Reflexões "Quem vem para o Jantar? Dilma Vana" – @Senshosp

"Quem vem para o Jantar? Dilma Vana" – @Senshosp

O Duo – @Senshop/Rodrigo – Nunca saberemos onde um começava e outro terminava.

As redes sociais definitivamente criaram um novo tipo de relação humana, que conseguiu transcender a simples informalidade dos contatos puramente virtuais e passaram a fazer parte real de nossas vidas. A natureza essencial é da comunicação humana, da incrível necessidade de conhecer o outro, de estabelecer um elo, um vínculo forte ou tênue, mas que evolua para um pós-virtual, ou não. Algumas destas amizades ganham uma força tão grande que até o pós-virtual não se torna primordial.

As redes mais dinâmicas, como Twitter e Facebook, propiciaram uma explosão de ligações impensáveis duas décadas atrás; hoje se convive com pessoas ou grupos de lugares distantes, ou da mesma cidade, sem jamais se terem visto ou procurado ver. Neste ambiente surgem figuras absolutamente apaixonantes, que conseguem em si mesmos ser síntese de comportamento humano, de inteligência, generosidade e, principalmente, solidariedade. Conheci e convivi nos últimos dois anos com um personagem assim, o maravilhoso Senshô (@Senhosp). Pouco conheci do Rodrigo Manzano, 35 anos, mas jamais esquecerei seu duplo, o Senshô.

Senshô é alguém. Não aceito que tenha nos deixado tão precocemente neste fim de semana trágico. Ele fundiu Realidade e Fantasia de forma tão inteligente e com tanta classe que afirmo: ele é um Clássico. As tuitadas com doses cavalares de humor e perspicácia, que misturavam política, comportamento e humanismo, foram verdadeiras aulas de comunicação. E inventivas: os famosos tweets de suas viagens de ônibus envolvendo personagens reais, tinham graça única. Os incríveis jantares que ele teimava em preparar para “Dilma Vana” – “Vem, tá na mesa” –, que infelizmente ela perdeu, nos deliciavam, principalmente com altas risadas. Era um Lord, nem mais nem menos.

Os avatares retrôs de Mao ou Kim Il-sung e o fino humor das tiradas sensacionais sobre os velhos comunistas, a viagem a Pequim, o Bloco Soviético, do Politburo, tudo nos fazia acreditar tratar-se de um “velho” militante, mas era a mente brilhante do Senshô que brincava com nosso imaginário. O famoso comentarista de futebol, analisando os jogos para nosso desespero de “entendedores”, foi outro clássico.

Mas o mais lindo e fundamental: Senshô era doce, amigo de todos; e com sua delicadeza, acolhia, aconselhava e ouvia. Sofria conosco, nos contava seus dramas e dores, as visitas aos hospitais, sua vontade de fugir e fumar, morríamos de rir de cada situação. Jamais um tweet duro ou ofensivo – ele não se permitia. A gama de admiradores virtuais e de RTs demonstravam o carinho e o amor que esta figura humana ímpar despertava.

Quem sabe alguém publica um ebook com seus tweets. Seria uma forma justa de homenageá-lo. Ele permanece vivo em nossas memórias, e mais gente poderia conhecê-lo e se inspirar em tão grande homem.

Meu coração não para de doer, mas a cabeça manda amar seu enorme legado.

PS: Este texto não teria saído sem ajuda fundamental de Marinilda Carvalho, Lufeba, Gisele Fonte e Rita Machado.

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5 thoughts on “"Quem vem para o Jantar? Dilma Vana" – @Senshosp”

  1. Ele era tão gentil, mas tão gentil que quando discordava de mim, o fazia via DM, ah! Rodrigo que falta você fará. Belo texto, linda homenagem. :-)

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