Agora na Itália, daqui uns dias no Vaticano, acontecem as duras eleições para se procurar um novo rumo, mas, olhando à distância, não parece uma coisa simples. Desde a época em que escrevíamos a série sobre a Crise 2.0, A Itália estava no olho do furacão. Primeiro com o gangster primeiro-ministro, o bufão, Berlusconi, que foi defenestrado por Angela Merkel, numa reunião de cúpula do Euro, impondo um burocrata ex-Goldman Sachs, Mario Monti, que sem qualquer mandato eletivo ficou 15 meses no governo.
Com toda a confiança do “mercado”, amplo apoio da Troika ( BCE, UE e FMI), o governo de Mario Monti, foi um fracasso, nenhuma reforma foi seguida, o déficit público não baixou e os números da economia só pioraram, fazendo com que a desconfiança seja generalizada. Em recente pesquisa a desconfiança no Governo era de 82% e no Parlamento, 89%, um desastre completo. O que não é por acaso, que um comediante e anti-político, Beppe Grillo, que se fez candidato à Primeiro-Ministro, tem 16% das intenções, em terceiro lugar, superando inclusive o candidato da Troika, Mario Monti, com 13%.
Os candidatos dos partidos tradicionais, que se rivalizam desde a “operação mãos limpas”, o Partido Democrático ( Centro-Esquerda, que junta ex-PCI com Socialistas e intelectuais), liderado por Pier Luigi Bersani, tem cerca de 35% das intenções de votos, contra o bufão neo-fascista, Silvio Berlusconi, com seus 29%. Confirmado estes prognósticos, a Centro-Esquerda terá que buscar apoio para formar um governo e uma maioria clara no Parlamento, mesmo com o “bônus” eleitoral de quem lidera, há uma fragilidade na formação de um novo Governo. Esta crise de representação arrastaria a Itália para mais problemas na Economia.
O que se mostra com clareza é que à direita ou à esquerda, ou via comediante, a Itália rechaçou de forma inequívoca a solução de Austeridade e todas as políticas da Troika. O Candidato da troika será atropelado pela sociedade, Mario Monti, se confirmadas as pesquisas será quarto colocado, não tenho nem 15% de apoio. O recado é muito duro para Merkel e para os burocratas de Bruxelas, não adianta tentar impor seus planos, que a Itália ira barrar. Porém, a questão que permanecerá viva é: Como o PD irá governar? Que tipo de acordo fará com a Troika para obter tempo e dinheiro para arrumar a casa?
Como bem aponta o El País de hoje, consultando fontes de Bruxelas: “Os riscos para a Europa agora são principalmente de natureza política” e que “Há uma mistura de sentimentos. Por um lado, teme-se o retorno de Berlusconi, especialmente se ele vem do lado da Liga Norte. Mas, ainda assim gera mais preocupado com a possibilidade de que, após a ressaca eleitoral, madrugada a Itália como um país ingovernável “, dizem fontes da Comunidade, resumindo-as e o sentimento geral:” Se o mal tem que vencer, de modo a não ser feito de forma a garantir a estabilidade rotunda “. ( El País, 25/02/2013). Nervosamente, a Alemanha acompanha as eleições, principalmente porque em breve é Merkel que passará pelo crivo eleitoral.
Uma campanha com todos ingredientes trágicos, com um bufão canalha, Berlusconi, de um lado, um comediante assumidamente bufão, Beppe Grillo, de outro, pouco restará de seriedade ao combalido sistema político italiano, não é atoa que se submeteu por 15 meses a um primeiro-ministro biônico. Repetimos, como mantra, os marcos de 1992 da época da operação mãos limpas, estão de volta, corrupção, paralisia econômica, só faltam convocar os promotores e juízes da vez. As esperanças, se é que existem, se concentram em Bersani, o sisudo candidato do agrupamento de centro-esquerda, mas a situação é grave demais, não seria de admirar que o velho bufão vencesse.
Os graves erros da Itália, agora são cobrados com juros.
A pouco tempo o escritor Vargas Llosa disse,referindo-se as eleições Peruanas “o Peru esta entre o milagre e o suicidio”,provavelmente houve um milagre,já que noticia ruim voa e não soube mais nada de lá,displicente que sou das noticias das terras Peuanas,enfim,o que acontece na Itália é o mesmo fenômeno ?o renascimento do midiático Berluscone(para ser bem generoso com o dito cujo)não é falta de opções politicas ?