Infelizmente nunca tive talento para escrever ficção, pensar em algo além do que conheço, capacidade de imaginar ou criar fatos, personagens pessoas, situações, daí minha imensa admiração pelos mestres que escrevem livremente. Este blog me ajudou a superar a timidez de escrever, pelo menos no aspecto de contar velhas histórias e opinar sobre alguns temas que consigo ter alguma ideia mais clara, não espero que aprenda a escrever além disto, é parte de minha limitações intelectuais.
Minha ligação com a literatura se deu em vários momentos da minha formação intelectual, aprendi ler cedo e me enfronhava em livros, sendo Monteiro Lobato o primeiro autor a me conquistar com seu “Sítio do Pica-Pau Amarelo”. Depois, já na fase inicial da adolescência acabei estudando numa escola ( Colégio Oliveira Paiva – Fortaleza) em que a maioria dos professores tinha sido exilados ou perseguidos pela ditadura, acabei rumando o caminho da literatura brasileira, pelas mãos do professor Roberto Falcão, que me apresentou Jorge Amado, Érico Veríssimo e Machado de Assis.
O percurso posterior, se deu na militância de esquerda, ainda no Colégio Oliveira paiva, vi renascer a UMES, a entidade estudantil secundarista de Fortaleza, dali fui para Escola Técnica Federal, que era o celeiro dos quadros do Movimento Estudantil que ressurgia nos anos 80. O meus contatos e adesão ao ME, também se deu um novo salto nos meus estudos, a literatura marxista passou a ser determinante, as obras de Lenin e Marx (exceto O Capital que li bem depois). As noções de Economia, Política e Filosofia, foram fundamentais para enfrentar os debates e ter algum destaque no ME.
Já morando em São Paulo, com a queda do Muro de Berlim, como contei no post, A Importância da Leitura na Formação Intelectual, parti para uma nova descoberta literária, outras ambições e vaidades. Normal, quando nos aprofundamos nos textos clássicos, um sentimento de “superioridade”, que só se combate quando se entende o real sentido de ler as grandes obras da humanidade, que é nos tornamos melhores e mais humanos. Outra coisa que que usei para não cair nesta armadilha foi sempre compartilhar os meus estudos com os que me cercavam, reunia os meus colegas de trabalho e fazia pequenas preleções de livros e filmes, forma de trazer mais gente para este campo.
Minha trajetória, talvez, seja pouco comum, pois foi toda trilhada distante da academia, ou dos círculos intelectuais, sobrevivendo aos mais variados momentos da vida política ou social, das obrigações de trabalho e familiares. Porém, só aqui, neste blog, pude efetivamente enfrentar o medo de ultrapassar a tradição oral, por a termo, as mais variadas ideias e conhecimentos adquiridos no caminho, muitas vezes chego aos limites das forças, os desânimos naturais, as dúvidas sobre a validade do que aqui escrevo, o que significa para mim, ou para vocês. As energias são sugadas pelo cotidiano, as pancadas da vida ou a falta de respostas concretas.
Vamos seguindo, às vezes, erraticamente, vivamos o dia a dia, para recolher novas inspirações e buscar a felicidade. combatendo as trevas com a luz, mesmo a escuridão que nos habita.
Estou vendo um certo ‘cansaço’ ou é impressão?
Reinaldo,
Sim, muito mesmo.
Arnobio