Como fizemos nas eleições francesas, espanholas e gregas, acompanhamos o desenrolar delas, procurando aqui, na série sobre a Crise 2.0, aprofundar as ideias e analisar as perspectivas de cada candidato, suas ideias e propostas. Estamos iniciando a análise sobre as eleições dos EUA, justamente com o primeiro debate presidencial, que pôs frente a frente Obama x Romney, fiz um recorte geral dos pontos que achei mais intensos do embate.
Apenas com uma crise mundial com toda sua extensão é capaz de revelar as mazelas do sistema de produção capitalista, assim de forma cristalina, sem precisar de “traduções” ou de “interpretações” mais sofisticada. Acrescente a isto, um debate presidencial no coração do sistema, os EUA, as verdades se tornam mais cruas e diretas, é uma oportunidade única de efetivamente de se saber como estar a saúde do gigante, os presidenciáveis não podem dosar o remédio, tem que, pelo menos tentar, dizer as coisas como elas são.
Na Quarta, o primeiro debate, na Universidade do Colorado, em Denver,entre Barack Obama vs Mitt Romney foi um show, as questões da econômicas dominaram o debate e a lavagem de roupa sujas foi didática e instrutiva. Romney tentou se afastar do fantasma radical do Tea Party que acompanha o Partido Republicano, segurou seu ultraliberalismo, mas não consegue disfarçar para quem vai governar. Já Obama, busca se livrar da imagem de fracasso diante da crise, inflando números da gestão, mostrando se campeão de proteção da classe média. Aliás, a estrela da campanha e do debate é o afago à classe média, ou que eles denominam de americano médio.
Obama concede que os EUA têm 23 milhões de pessoas sem empregos, a despeito dos números oficiais apontarem 13 milhões (8,2% da PEA), uma significativa diferença entre os levantamentos. Então ele diz que criou 5 milhões de vagas, o que é negado pelos números que não chegam aos 2,8 milhões. Recentemente entrei no cadastro do Ministério do Trabalho dos EUA e lá tem a evolução do empregos dos últimos 10 anos, com detalhes impressionantes, segmentação de sexo, cor, raças e etnias, faixa etária e distribuição regional.
Mitt Romney aproveitou o número de desemprego e levantou a decadência da economia, lembrou dos 43 milhões de americanos que recebem os Food Stamps ( Bolsa Família), que aumentou em 10 milhões nos últimos 5 anos, que Obama não agiu pelo emprego, pois aumentou impostos. Aqui um número para os brasileiros que acham que não há impostos nos EUA, a taxação é de 36% e será elevada aos 40%. Obama rebateu dizendo que fez uma devolução padrão para 98% dos americanos de 2600 dólares, que inclusive disse, podiam usar este dinheiro para comprar uma TV nova ou novo computador.
Romney atacou a questão dos impostos às empresas, a elevação da taxação para as maiores, Obama responde dizendo que as pequenas e médias empresas, 97%, tiveram diminuição de impostos. A tréplica de Romney é que estes 3% empregam 25% dos trabalhadores. Além disto, falou que a política fiscal levou ao fechamento de 122 pequenos bancos ou instituições de crédito do país. Obama disse que os bancos estavam falidos, porque tiveram comportamento irracional, que levaram à crise que o país vive.
Romney falo o déficit público tinha aumentando mais na gestão Obama do que os somados os 4 últimos presidentes juntos, que vai subir mais em 1 trilhão em janeiro com o fim do arranjo fiscal que se vence em dezembro e não foi reformado. Aqui o ponto alto de Obama, quando responde forma mais que forte: Vou lembrar aos eleitores que vocês ( Republicanos) fizeram duas guerras ( Afeganistão e Iraque) e pagaram com “Cartão de Crédito”, a fatura venceu no meu governo” , mais sinceridade, impossível. Claro que Obama manteve a máquina de guerra funcionando, mas o peso/custo se tornou inviável, nem serviu como saída para crise.
Sobre saúde e educação as diferenças são mais sensíveis, Romney é contra o SUS, quer fim do que ele denomina Obama Medical, que a só as empresas e livre concorrência resolve, Obama responde que os planos de saúdes se tornaram inviáveis ao americano médio, valores impagáveis, que o misto de ação estatal mais planos privados ajudaria mais do que simplesmente entregar às empresas privadas. Obama provocou Romney a defender o fim do “Obama Medical”, como faz seus assessores e partidários.
O que de mais importante, pelo menos para mim, é que Romney usa a mesma tática de Rajoy, se apresenta como o cara contra tudo que estar aí, sem plano de governo. Obama o provocou várias vezes a mostrar o seu “plano secreto”, pois aquele é o momento de se saber quem vai dirigir o país. Lembremos o que acontece na Espanha, eleito sem programa, Rajoy age como se não tivesse compromisso, aprofundando mais a derrocada. O que me parece, é que tanto Obama, quanto Romney representam o Novo Estado, o Estado Gotham City, apenas as nuance são diferentes. Aproveito estes debates para recolher mais informações e detalhes que não saem em jornais.
Olá, Arnobio!
Assisti ao debate e a cara da direita é a mesma em qualquer lugar: estúpida.
Claro que Obama não pode abdicar de todos esses interesses, senão não governaria (mais ou menos o que acontece no Brasil).
Penso que Romney significará a derrocada norte-americana e o aprofundamento da crise, pois ele é representante do Estado ultraliberal e isso sabemos onde dá!
Só aqui na torcida por Obama.
Abraços
Elaine