Mesmo em “recesso olímpico”, série sobre a Crise 2.0, volto ao tema quando aparece algum evento muito relevante, como o que agora passo a escrever, o BCE, um dos pilares da Troika, recomenda que os países em crise promovam um plano que reduza as proteções trabalhista e diminua o valor do salários pagos, como forma de recomposição do emprego. A proposta é direcionada em especial aos países que estão com altas taxas de desemprego, entre eles: Espanha, Grécia e Portugal, por acaso os que estão sob “intervenção” da Troika.
No final de abrigo escrevi sobre os planos de Austeridades, mas precisamente sobre a troika (Crise 2.0: Austeridade(As Fúrias)), forma pelo BCE, FMI e UE, o que me lembrou as antigas Fúrias, personagens mitológicos, que agem de forma cruel sobre os países, exigindo punição de sangue, para reparar seus “pecados”. É assim que vamos vivendo cada nova recomendação, que impõe mais sacrifícios, em particular, aos que mais sofrem os efeitos da crise, os trabalhadores e o povo em geral. O desemprego galopante, agora o pedido que se reduza os salários e as proteções aos que ainda estão na ativa, a situação apenas piora.
Devo dizer, não se assustem, a recomendação do BCE é coerente e desejável, do ponto de vista do Capital, quando há crise de Superprodução, para se entrar em novo ciclo, a condição fundamental é a queima de Forças Produtivas, o que se realiza com o desemprego, redução de salários, queda de preços de bens e produtos. Para que haja a recomposição da Taxa de Lucros, o objeto do desejo do Capital, esqueçamos nossos valores morais e cristão, nada disto conta, o movimento do Capital é objetivo, materialista e não é dado a emoções juvenis, ou sentimentos nobres, de justiça, sem medo do “pecado”, não teme condenação de qualquer religião.
O exemplo de mudança, usado pelo BCE, são as “corajosas reformais trabalhistas” da Espanha, que, segundo Mario Draghi, se “tivesse feito antes, não teria todo este desemprego”. A recomendação é feita para que os demais países me crise, como Irlanda, Portugal, Grécia, Espanha e Itália, busquem mais reduções de salários e proteções, assim terão mais “competitividade produtiva”. Apenas esquece de dizer, este relatório, que são estes mesmo países que têm os piores salários de toda UE, nem mesmo assim, evitaram o desemprego, muito menos se tornaram competitivos. O buraco é bem mais embaixo. Já demonstramos o tamanho do desastre em vários posts, como neste: Crise 2.0: A Pletora do Capital.
Segundo o El País, a aposta central do BCE seria que “para “aumentar a competitividade”, o BCE considerou “urgente” de corte “os custos do trabalho e margens de lucro excessivo”, especialmente em países com elevada taxa de desemprego. Para o primeiro, o banco Central, sugere medidas “para reduzir o salário mínimo”, “relaxar leis de proteção ao trabalho”, “permitir que a negociação salarial a nível da empresa” e “abolir a relação entre salários e inflação.”
Mas reduzir os custos do trabalho não é suficiente para aumentar a produtividade “permanentemente”. O BCE dá como exemplos de medidas adicionais a tomar “privatização”, “a inovação nos processos de produção e na criação e invenção de novos produtos”, “fortalecer a formação de mão de obra” e “iniciativas para incentivar a criação de negócio. “
O BCE busca legitimar uma política mais radical, com corte ainda mais na carne, de países que viraram “sucatas” dentro do sistema produtivo do Capital, não havendo saída, que não virar apenas parte secundária de um acordo comercial cada dia mais oneroso para estas nações.