
“puluis et umbra sumus” (somos pó e sombra – Horácio)
Pensar na nossa finitude, fim, morte, parece assustar as pessoas, que logo pensam: Ele está depressivo, vai se matar!
Muita calma nessa hora!
A racionalidade que carrego a vida toda, sei lá, desde os 10, 11 anos, nunca deu azo para um fim induzido ou desejado. Por outra mão, o que não me impede de refletir sobre a nossa tola existência, nossos miseráveis limites, o maior deles, o nosso inevitável fim. Pois, na maioria das vezes, vem sem avisar, sem esperar, alguns ainda mais trágicos, com pouca idade e quando é um ente familiar, é devastador demais, que nos traz a crua verdade de como somos apenas pó e sombra.
Aqui nesse blog tenho vários escritos sobre o tema, não ligados apenas a perda da minha Letícia (há vários também inspirados nela), mas porque é relevante (para mim), alguns dos mitos gregos ou das tragédias de Shakespeare, fontes maiores de minhas ideias e referências, trazem essas visões do que é viver, morrer, inclusive na tenra idade, a exemplo de Julieta, Desdémona, Antígone, Hemon, entre tantos.
Alguns desses trazidos como Alceste: Amor ou Morte (Nova Versão) Antígone – Liberdade ou Morte (Nova Versão) As Moiras e nossas medidas
A poesia de Fernando Pessoa talvez nos ajude a entender a brevidade da vida:
“As rosas amo dos jardins de Adônis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos”.
Por mais que tenha tratado a questão na morte, do fim, sempre parece a primeira vez, não me assusta mais, não por desprezo, mas que um dia acontece e pronto!
