
A minissérie sueca, O Domo de Vidro (Netflix), traz uma temática difícil de enfrentar, o sequestro de crianças, as consequências terríveis e é tratada com muito cuidado e densidade, um ambiente claustrofóbica, paisagem fechada e escura, um ar soturno, de uma pequena cidade que vive em torno de uma mina, as vidas, a economia e os riscos ambientais e de cultura, as relações humanas desgastadas pelo clima hostil e marcada pela tragédia dos sequestros/desaparecimentos das crianças.
Uma delas, Lejla Ness (Léonie Vincent) a única criança que conseguiu fugir do cativeiro, e adulta se torna uma renomada pesquisadora de criminologia, morando na iluminada San Diego, California, mas que retorna para a pequena cidade onde cresceu para comparecer a um funeral da sua mãe adotiva, a esposa do chefe da polícia local, Walter (Johan Hedenberg), que a cria após a fuga, sua mãe (solo) tinha aparentemente se suicidado, durante o longo cativeiro da filha (cerca de 1 ano e meio).
A volta à tenebrosa Gränna, e logo após o funeral, novos sequestros de duas crianças fazem que Lejla decida não voltar para California, e passa a viver uma espécie Déjà vu com essa nova onda de sequestros e mesmo distante 20 anos, parece trazer de volta o passado e pela sua especialidade, ela se envolve nas investigações.
O pai adotivo está aposentado, mas é o policial mais experiente da cidade e convive com o trauma de não ter desvendado o caso anterior, seu irmão mais novo é quem comanda a polícia. A mina em crise e precisando ampliar a sua captação de água, o que gera protestos na cidade, elementos de neonazismo e de enfrentamentos políticos criam um clima mais denso com os sequestros.
São muitos tramas e traumas, numa estória muito bem costurada, ótimos atores e atrizes, com reviravoltas até o final. Impossível não querer ver todos os episódios de uma vez.