Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou (me adaptar)
Eu não vou (me adaptar)
(Não vou me adaptar – Arnaldo Antunes)
Abro o editor de texto do “wordpress” deste blog, é uma tela branca vazia, com pequeno ícones de tabulação, de organização, correção, para desse criar um texto, colar uma foto, dar vida para alguma ideia, apenas desabafar ou imaginar que será a publicação mais importante da minha vida, que poderá mudar o rumo, voltando para realidade, será mais um texto.
Falamos de temas que conhecemos com alguma profundidade, um ramo do conhecimento humano que (pensamos) que dominamos, quem sabe trazer alguém que aleatoriamente nos lerá para se tornar participante de uma aventura literária que penso ser “ducaralho”, um filme excepcional, tocante que nos fará viajar e nos tornar melhores, quem sabe abraçar uma ideologia que abracei quando era jovem imberbe, pelo menos a curiosidade.
Ora, todos esses caminhos, essas letras que viram palavras, essas que viram frases, delas uma redação, são produtos de conexões neurais, não apenas mera digitação, mesmo que muitas vezes consiga ir escrevendo sem elaborações, apenas por sentimentos (feeling) que resultarão numa ideia simples ou complexas, mas tudo isso, saiu daquilo que sou o resultado de minhas percepções do mundo, interações com ciências, leituras, escritos, imagens, falas, livros, capas, discos, músicas.
Nada disso é Artificial.
Bons ou maus textos, como esse, não têm nenhuma intervenção externa, nenhum comando, algoritmo, correções, estilo, “toques” de Inteligência Artificial, de que algum deles possa mudar o que pensei, tornar “melhores” (para quem?), claro que não é uma linguagem rupestre, uma formulação em papiro, uso de tinteiro, nem uma máquina de escrever analógica ou digital, é um editor super comum, mas que dessas 35, 40 linhas saíram da interação cerebral e dedos, tem meu DNA, minhas digitais.
Vou me render ao uso da IA?
Não sei, sinceramente, óbvio que as IAs podem produzir textos “meus” melhores, que atrairiam mais leitores, uma sofisticação, dependendo do objetivo, ela concatenaria os textos e um conjunto deles estariam em formato de livros, de artigos científico, de produções acadêmicas, enfim uma relevância de literatura aceitável?
Mas não seriam Eu, não pelo ego, id…As citações, as referências, tudo isso me faria sentir, que não existo mais.