2505: Escatologia e o nosso tempo presente.

A Escatologia é uma questão filosófica, muito maior do que religiosa.

Felizes são aqueles que não se preocupam com seu tempo, vivem livres de pressões de que somos finitos, por alienação, acomodação, ou simplesmente não ligam para o final inexorável que cada um de nós terá, abençoados por um deus, uma fé, qualquer fuga que aponte uma escatologia sem dor, quem sabe um anjo, uma Valquíria, uma musa, Beatriz levará ao paraíso.

De outra mão, muitos se dão conta da própria finitude, gastam seu tempo com medo, acossados pelo pavor da morte, de que um demônio, ou Caronte os/as levarão na barca atravessando o rio dos mundos, para seu julgamento final, em que suas penas, suas diatribes passarão pelo escrutínio dos juízes do Hades (Sarpedon, Radamanto e Minos), não lhes restando a menor esperança de que algo melhor possa lhes acontecer, no seu fim, do que uma vala no infernum.

A discussão sobre o nosso breve tempo em que nos aventuramos aqui, na terra (ou em qualquer outro sistema), separando as crenças, convicções de fé, é uma questão filosófica, de perspectiva de presente, mas principalmente do porvir, daquilo que é certo, a morte, mas, especialmente, do que é incerto, o que sobraria de nós, do que serve a nossa existência, para que preencha melhor o nosso tempo, não nos paralise e nada mais aconteça do que a espera pelo the end.

Esse caminho, ou o post-mortem, é uma assombração em vida, por um lado, leva ao exagero, de que se o fim é inevitável, nenhuma ação boa ou má, fará diferença, então a preocupação coletiva não tem muito valor, apenas o que nos interessa individualmente, noutra direção, pode trazer uma consciência da bons feitos, de dedicação ao bem comum, de que essa casa terrena seja um lugar melhor, para nós para aqueles (as) que está por chegar.

São sentimentos contraditórios, muitas vezes dolorosos, que ocupam as mentes, em algum momento da vida, cedo ou tarde, jovem ou na velhice, quando há um retrospecto de que se possa ter um balanço da nossa existência, de forma mais crítica e não por arrependimentos, mas de compreensão do que fizemos, o que não fizemos, o que poderia ser diferente, o quanto ainda se poder fazer, num tempo mais curto, quem sabe mais feliz.

Refletir, jogar-se para frente, impulsionar a mente, nos ajuda a trabalhar a Escatologia de alguma forma, menos traumática.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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