Padre Júlio Lancellotti, apenas Padre Júlio, seu nome virou sinônimo de Direitos Humanos, referência de amor ao próximo, de cuidado com os (as) mais vulneráveis, das lutas em defesa daqueles e daquelas que (sobre) vivem na extrema miséria humana, no abandono, dos (das) que são vistos (as) como párias, do avesso da cidade rica e não generosa, que é São Paulo.
Padre Júlio é um ícone de São Paulo. Ele é muito maior que o prefeito, do que o governador, do que vereadores, do que banqueiros, ricos e poderosos, ele é a esperança para aqueles e aquelas que perderam a esperança, o direito de sonhar e de viver, tratados com “zumbis”, excluídos da cidade e do povo.
As diversas armações, perseguições, difamações, calúnias, ameaças à vida, integridade física e moral, dizem muito o quão grande é nosso irmão Padre Júlio, a sua fortaleza e sua coerência de vida e de dedicação à missão maior de seu credo, o amor à vida, a defesa da vida e da dignidade humana, isso incomoda demais às classes dominantes, os verdadeiros párias sociais.
A CPI do vereador do (ex??) MBL, Rubinho Neves, é apenas mais uma maneira de tentar criminalizar a pobreza, através de Padre Júlio, de investigar a miséria, colher louros na sarjeta, um golpe eleitoreiro típico da extrema-direita paulistana, de querer acabar não com a miséria, mas com aqueles que lutam e defendem a vida humana dos mais vulneráveis.
Conheci Padre Júlio pessoalmente num incêndio e expulsão das famílias da favela do cimento, depois reinstalados num galpão e lá estava ele, depois numa reunião de movimentos sociais na OAB-SP, quando assumimos a Comissão de Direitos Humanos. Ele foi direto ao ponto, queria saber quais ações concretas que iríamos tomar, que tipo de ajuda real às famílias.
O Sindicato dos Advogados e Advogadas de São Paulo (SASP) concedeu-lhe o prêmio João José Sady de Direitos Humanos, fomos lhe entregar numa missa, a Ana Amélia que era Vice-Presidente da CDH da OAB-SP, o Luciano Barbosa tesoureiro do SASP e eu, ele recebeu, agradeceu e já foi nos cobrando quais as nossas ações na chamada “Cracolândia” e sobre as pessoas em situação de rua, sem festas ou comemorações, direto e reto.
Por várias vezes estive com o Padre Júlio, defendendo-o de perseguições cotidianas e ameaças, jamais o vi com medo, ou temor, uma calma e uma tranquilidade espantosas, só não maiores do que sua fibra e grito pelo que acontece na nossa injusta cidade, as tentativas de higienizar, esconder, sumir ou criminalizar os miseráveis.
Padre Júlio simboliza esse povo, o nosso povo, a maioria de São Paulo.
A cada ano uma nova tática para macular a imagem desse senhor de 75 anos, um incansável batalhador pela justiça social, de vida prática, intensa e que é exemplo para todas e todos, sem vaidades, frescuras. É da sua pequena paroquia para as ruas, sem trégua, é luta diária e fundamental para São Paulo.
Mais uma vez, como sempre, estamos juntos, Padre Júlio.