2271: Governo x Poder: A importância de fortalecer os movimentos e as lutas sociais.

A luta popular é fundamental para defesa das pautas sociais junto ao governo,

A volta do PT e Lula ao governo numa conjuntura extremamente complexa, um governo de coalizão com setores da Burguesia que se opôs às tentativas de golpe fascistas, traz de volta várias polêmicas históricas, como o papel dos movimentos sociais diante de um governo de esquerda, como também quais os limites de um governo democrático, numa conjuntura econômica Ultraliberal.

Volta-se à velhas polêmicas, de quase dois séculos de lutas políticas em que a Esquerda (socialistas, comunistas, libertários) se consolida como alternativa ao Poder da Burguesia, inclusive no Governo, que é uma parcela do poder, do Estado Burguês, mas não é o Poder Real, econômico, que efetivamente e, em última análise define o Poder da Burguesia.

As lições da Comuna de Paris, dos limites de tomar o poder e não quebrar a máquina do Estado, foram relidas por Lênin no Estado e a Revolução, colocando ordem na confusão política  e polêmica na Rússia e na Internacional, sobre as razões de ser governo, a questão do Poder e a necessidade de quebrar a máquina burocrática do Estado Burguês.

No Brasil, a pouca tradição de exercer governos, especialmente o governo central,  criou uma armadilha e uma ilusão de “Poder”, nos primeiros governos Lula e Dilma, boa parte da aguerrida militância (sindicalista) de esquerda foi ser gestora no governo e as entidade e movimentos sociais ficaram órfãos de lideranças ou aprisionados aos ditames da máquina burocrática do Estado.

Por quase uma década, o sucesso parecia consolidar uma visão de governo, como Poder. Entretanto, quando a burguesia se recompôs e veio para cima para retomar seu controle total do Estado e, por óbvio, o governo, não teve puder que fosse de forma Golpista.

O movimento social estava desarmado para o Enfrentamento, deu no que deu, foram facilmente  apeados do governo por uma farsa tosca, um impeachment sem crime de responsabilidade, as tais pedaladas fiscais. Mas a burguesia queria SANGUE, depois, o maior líder da esquerda, Lula, foi criminalizado, preso por 580 dias.

Qual a reação dos sindicatos e movimentos sociais?

 

Ficaram acuados, sem iniciativa e sem reação para resistir à queda de Dilma e mesmo a prisão de Lula. Não obstante, as energias de décadas de lutas renhidas desde as greves do ABC, não tinham sido dissipadas, houve uma grande derrota, mas não a ponto de isolar a Esquerda das disputas de governo por décadas, até porque as respostas da Burguesia à crise são sempre as mesmas, seguem a cartilha da moda, dessa feita o Ultraliberalismo.

Os seis anos de governos ultraliberais, Temer e Bolsonaro foram desastrosos do ponto de vista dos trabalhadores, o aprofundamento dos ajustes e a retirada massiva de direitos, fim dos direitos trabalhistas e previdenciários, a precarização e uberização do mercado de trabalho, trouxe mais miséria e desorganização dos trabalhadores.

O governo neofascista e genocida de Bolsonaro azeitado com 700 mil mortos pela Covid-19, em que ele foi responsável direto pela inação e ao mesmo tempo boicote das ações dos governadores e prefeitos que lutaram contra a Pandemia, demonstrava o caráter de quem estava no governo, com tudo isso, quase se reelegeu, perdeu apenas por ter como adversário, Lula.

A nova recomposição de um ambiente democrático, num país ainda polarizado por práticas fascistas cria uma conjuntura peculiar de avanços e recuos, de cuidados extremos, mas de posições firmes, para que passo a passo volte-se á normalidade política.

Os movimentos sociais apoiam o governo, como “seu”, vão defender e lutar por suas ações e avanços, sem, no entanto, cair na armadilha de se diluírem dentro do próprio governo.

Nesse sentindo, ter agenda própria, calendário de lutas, manutenção de reinvindicações e pautas, não podem ser confundidas com falta de apoio, ou de enfraquecer o governo, justamente o contrário, é que não confundem governo e movimentos, para que um e outro possam dialogar sem que seja submetidos ou, num aperto, os movimentos sociais possam ter força para defender, com sua independência.

As ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por exemplo, são legítimas e necessárias num cenário de lutas e diálogos, a fase da criminalização e dos ataques ao MST devem ser deixada para os mesmos, a mídia e os partidos burgueses, na Esquerda, temos que defender e entender a capacidade de organização e força independente, isso não enfraquece o Governo Lula, ao contrário, o reforça.

Viva a luta dos trabalhadores do campo e da cidade.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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