Que coisa linda que é o meu amor
Por entre bancários, automóveis, ruas e avenidas
Milhões de buzinas tocando em harmonia sem cessar
Ela vem chegando de branco, meiga, pura, linda e muito tímida
Com a chuva molhando o seu corpo lindo
(Que Maravilha – Jorge Benjor/Toquinho)
Primeiro é preciso dizer que amo São Paulo, incondicionalmente, em qualquer dia ou época do ano. Amor que aconteceu num dia de abril de 1986, de passagem por aqui, vindo de um congresso em Curitiba, retornando para Fortaleza, disse ao amigos: “Vou morar aqui”. Riram, não acreditaram, o fato é que dois após concluir meu curso na Escola Técnica Federal do Ceará, em julho de 1989, estava a caminho de São Paulo.
Feito o registro, continuo, amar São Paulo é uma razão de vida, então vamos amando os dias, os meses do ano, as estações, cada vez de uma maneira e nos acostumando aos fatos e novidades de cada momento, os vários climas no mesmo dia, mas também uma certa previsibilidade de que se terá algo novo a ver e sentir, não importa quando e onde.
Dezembro é um mês (aleatório), o último do ano, é o mês do calor exagerado e das chuvas torrenciais do fim do dia, para limpar o dia, a alma, quem sabe o ano que passou.
É uma espécie de poesia de fim de tarde, de mudança de estação e de que o fim do ciclo está perto, então a chuva é uma reparação, um alívio, para o calor, pelas ruas e os prédios que impedem uma brisa, sem um rio ou mar, a água vem purificar.
Quanto maior o calor do dia, mais nuvens ficam carregadas, quase sempre cairá um “pé d´água”, quase sempre esquecemos o guarda-chuva, e o banho é inevitável, entrar no ônibus ou no metrô molhado é algo tão comum, em dezembro, o mês da redenção do ano.
Assim é São Paulo, por 34 vezes no dezembro, assim se repete, assim nos lembraremos dos porquês de aqui vivemos e viemos, entre amores, dores e prazeres, nossa cidade, nossa gente, de tantos lugares, formada por tantos mundos, experiências e singularidades.
Que venha a chuva. Te amo, São Paulo!