O aparente sumiço de Bolsonaro é tratado como real e esconde o pacote de maldades que continua aplicando dia a dia e que pode inviabilizar o próximo governo, fora o incentivo para que essa horda boçal se mantenha ativa questionando os resultados eleitorais,
Parte importante de nossa cultura brasileira é a alternância de humor, que vai da arrogância para o complexo de inferioridade de terra arrasada, sem mediação, do céu ao inferno, sem passar pela terra. Esse comportamento se reflete em quase todos os campos, essa terrível relação pendular tem nos feito mal e não ajuda a superamos as nossas mazelas históricas.
A espetacular seleção brasileira de 1982, talvez seja o maior exemplo da arrogância, que nos leva à derrota, pois subestimamos o adversário gigante, já provado de tradição. A Itália tinha uma excelente seleção, ótimos jogadores, o melhor campeonato europeu da época, a seleção azurra claudicava em volta dos escândalos e prisão do seu maior craque, mas era estupenda, Telê Santana subestimou e deu no que deu.
Por outro lado, o complexo de inferioridade levou o Brasil a subestimar seu enorme potencial como nação soberana e de transformação com nossa inteligência, capacidade criativa e de trabalho. Deixamos de entrar no clube tecnológico nos anos 90, por um erro de política de desenvolvimento de não brigar para se tornar um polo tecnológico em telecomunicações, no momento que as grandes players buscavam novos centros de produção, antes da China, o Brasil era bem cotado.
Agora, vive-se um momento de enorme arrogância, horas depois de desespero.
Subestimamos Bolsonaro, de que esteja amuado, triste, sem trabalhar, enquanto se vê o contrário, prepara bombas terríveis para o futuro governo, por exemplo, preenche cargos e posições em Conselhos, organismo e agências de longo prazo, nomeia e escolhe ministros e desembargadores, cria a toque de caixa um TRF, estrangula os gastos públicos, deixando órgãos e autarquias sem funcionar.
O que fazemos? Memes e piadas.
Claro que nos livramos de ouvir o escroque publicamente, no entanto a herança e o saco de maldades será um peso enorme, muito além do sigilo de 100 anos e do orçamento secreto.
Ao mesmo tempo, somos abalados com as ações vis, distrações como a “denúncia das urnas” ou um golpe em curso, é possível, mas improvável pelas condições objetivas, tanto internacional, sem apoio de nenhum país, quanto nacional, as instituições mesmo atingidas, não embarcam nessa aventura.
O problema desse grupo radicalizado em quartéis e em rodovias, deve ser encarado em breve, sem arrogância e galhofa (mesmo sendo engraçado, é trágico). Os EUA convivem com essa horda selvagem desde a derrota de Trump, há energia, sem dúvida, mas não a ponto de se entrar em pânico e ir para o outro lado do pêndulo.
É isso.