O Jornal Nacional do dia 25 de agosto de 2022 entrará para história não apenas pela grande performance do candidato Luís Inácio Lula da Silva. Mas pela atitude da Globo, pois, de vez em quando, com atraso, faz sua autocrítica, mesmo envergonhada, como sobre seu apoio militante à ditadura. Ontem, na presença de Lula, ela fez mais uma meia culpa, sobre os últimos 10 anos de sua militância pelo lavajatismo, em que usou sua máquina de destruição de vidas e biografias contra Lula, em particular, sua família, companheiro.
O publicitário e locutor do Jornal Nacional, William Bonner, iniciou exatamente assim:
“O Supremo Tribunal Federal lhe deu razão, considerou o então juiz Sergio Moro parcial, anulou a condenação do caso do Triplex e anulou também outras ações por ter considerado a vara de Curitiba incompetente.
Portanto, o senhor não deve nada à Justiça”.
Imagina-se que não deve ter sido fácil admitir a culpa, com as mais de 900 reportagens condenatórias e difamatórias contra o ex-presidente, uma verdadeira máquina de moer vidas. Claro que essa “sentença” absolutória, dada pela Globo, viria acompanhada do costumeiro ódio e de caras e bocas, comportamento infantil de Bonner diante de um Lula mais do que iluminado.
O Presidente Lula estava extremamente inspirado e com um repertório afiado, não deixou nada sem resposta, calmo, ponderado, com a tranquilidade de quem conhece o Brasil e com enorme capacidade de citar dados e exemplos, fez o que mais sabe fazer, se comunicou diretamente com o seu povo.
A preparação de Lula, alinhavar dados e informações com linguajar simples, que todos entendem, entremeados de ótimas metáforas e citações grandiosas, reparatórias, como a de Paulo Freire, o educador brasileiro mais respeitado no mundo e enxovalhado por incultos e incivilizados dessa horda de selvagens que tomou conta do Brasil, muito em função da própria Globo que jamais quis fazer jornalismo durante esse período obscuro da história, que pariu Bolsonaro, como produto fiel dessa gente.
Lula foi tão superior que chega a um momento que não era entrevista, mas uma Aula Magna sobre as questões do Brasil, de Estado, Democracia e geopolítica. Os anos de uma presidência vitoriosa, de um país que cresceu, tirou milhões da miséria, criou universidades, institutos federais, investiu alto em educação e saúde, acreditou na indústria nacional, no Pré-sal e na soberania nacional e respeito no mundo todo.
A dupla na mesa ficou perdida, Lula teve enorme elegância com Renata Vasconcelos, ao contrário de Bolsonaro e sua misoginia evidente. Soube demonstrar em diálogo com Renata, a diferença de agronegócios, a defesa do meio ambiente, da Amazônia, dos pequenos produtores e, claro, do MST, em contraposição as ameaças armadas, as verdadeiras invasões de terras indígenas e sob proteção ambiental. Ainda a convidou para visitar uma cooperativa do MST, o maior produtor nacional de arroz orgânico.
A diferença entre Lula e os demais candidatos, não apenas sobre Bolsonaro, é a capacidade de se comunicar, pois tem como qualidade inata, sua vivência com o povo, veio das camadas populares, foi líder sindical, peão de fábrica, jamais se afastou dos seus, sabe entrar numa tapera ou num palácio, é o mesmo, o carisma e atenção, a espontaneidade de conversar de assuntos simples e os mais complexos.
Foram apenas 40 minutos, nem meio tempo de um jogo de futebol, mas Lula fez seu 7 x 1, foi magistral, e, como diz a música de Jorge Benjor
“Só não entrou com bola e tudo porque teve humildade em gol”.