Arnobio Rocha Reflexões O Sucesso do Sucesso

2169: O Sucesso do Sucesso


O importante é o sucesso, não importa o custo.

 

Quem não faz sucesso, não sobrevive.

Essa “lei de mercado” contaminou e corrompeu tantos corações e mentes que hoje é uma raridade encontrar quem pensa e age sob outra lógica. A felicidade é vinculada ao sucesso, no sentido econômico, à posição social e midiático, é ser visto em evidência e sob holofotes.

Evidentemente, isso pressiona para que se busque o tal Sucesso, os holofotes, de qualquer forma, não decorrendo de forma natural, ao contrário, cria uma necessidade de investir em meios, muitas vezes, bastante questionáveis para “aparecer”, ter visibilidade, para que se tenha sucesso, ou aparente ter, nesse sentido, parecer ter sucesso, é até mais forte.

Obviamente que tudo isso não é gratuito, não apenas financeiramente, mas nas relações pessoais e humanas, que passam a girar em torno do sucesso, quase que exclusivamente passa a se viver relações econômicas, de utilidade, de conviver com quem faz e traz sucesso, no mais, restam os “perdedores”, aqueles que não contribuem para o nosso Sucesso, portanto são descartáveis.

Uma reflexão como essa será vista como despeita, coisa de looser, claro, um estrangeirismo caí bem, de gente que não tem sucesso e quer melar o sucesso alheio, pois tudo gira sob o mesmo tom e perspectiva, nenhuma batida diferente, crítica, será agradável, nada importa, além do sucesso, pois cada mergulho é um flash.

Os gestos de caridade viram propaganda de sua bondade, de que mesmo você estando na parte de cima da roda gigante, você olha para os de baixo, até doa algum tênis usado, uma camisa surrada, uma calça que não lhe cabe, umas marmitas, uns lanches, uma fotografia distribuindo sopão, virá Sucesso, um apelo numa rede social.

Questões tolas, frívolas, como ética, engajamento social, compromissos humanitários, nem devem ser tocados, excetos se puder “faturar” com eles, afinal tudo vira um negócio, quase sempre lucrativo, que tendem a tornar a sociedade pior e mais injusta, mas foda-se, esse pensamento é de quem é “poser”.

Difícil mesmo é não querer fazer parte do “sucesso”, saber viver e sobreviver entre fracassos e fracassados, que se resignam com suas vidas comuns, o que é o normal, e prático, lutando pelo dia a dia, cada vez mais complicado e complexo, enfim, a vida.

E la nave va

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