A Decadência dos Jornais Impressos – O Fim de uma época.

A decadência e falência dos jornais impressos, fim de uma época.

O domingo, além da missa, culto, era o dia dos jornais, das revistas semanais, da leitura que começava pela manhã em casa, ou no parque, às vezes na praia, pausa do almoço, depois retomada, nova pausa para futebol, e o fim do dia, as últimas matérias, não lidas, antes de um filme (fita cassete, DVD, um luxo), ou ida ao cinema, para fechar o dia.

Os jornais de “domingo” chegavam às bancas no sábado, quase no fim do dia, eram pacotes gigantes, aqui em São Paulo, Folha e Estadão, disputavam qual deles tinham mais páginas nas edições de domingo, as tiragens na casa de milhões de exemplares, nas bancas, foram os assinantes, o Estadão tinha assinatura só para o fim de semana.

A disputa pela melhor manchete de capa, quase 100% de política, pesquisas eleitorais, por exemplo, Ibope no Estadão, Datafolha, por óbvio, na Folha. A luta para conquistar mais leitores, ultrapassava o caderno de política, chegava invariavelmente no caderno de Cultura, Cotidiano e Esportes. Passava por cadernos especiais de domingo, claro os gigantescos “classificados”, empregos, venda de carros e imóveis.

O auge dessa disputa se deu na virada dos anos 90, Estadão e Folha, com suas gráficas novas, financiadas pelo BNDES, no governo FHC, azeitou a disputa desenfreada. Jornais de grande qualidade, excelentes colunistas, fixos, ou convidados, as páginas de opiniões, em todos os cadernos, gente como Paulo Francis, Cony, Jânio de Freitas, Celso Ming, Joelmir Beting, Prata, Marcelo Coelho, Tostão, Juca Kfouri e tantos craques. As colunas sociais, Mônica Bergamo, Sonia Racy, não tinham a força política que Bergamo tem hoje, por exemplo.

As revistas chegavam nas bancas no domingo, Estadão fez parceria com a Veja, venda “casada”, um impulsionava o outro. A disputa entre revistas era inicialmente entre Veja e Isto è, depois chegou a Época (Globo), lateralmente a Carta Capital, com conteúdo mais ideológico com seus assinantes fieis, mas não de massa.

A grande virada para Jornais e revistas, se deu com a Internet, os portais que refletiam essa disputa das bancas, o primeiro grande foi o UOL, até hoje um dos dominantes. Esses portais foram assimilando os conteúdos da mídia escrita, depois da própria mídia de TVs e rádios.

A crise dos jornais, hoje o Estadão é um vendido em formato de tabloide, sua decadência não é só de forma, mas de conteúdo, se no final dos anos 90 e início de 2000, mesmo ideologicamente conservador, havia um compromisso de informação, uma certa sobriedade e o conteúdo mais ideológico (gozo da família), se dava na ejaculação dos editoriais.

A Folha de S. Paulo que apoiou politicamente e materialmente a Ditadura, se reformulou no final dos anos de 1970, atravessou bem os anos 80, até se tornar um personagem-fake da pluralidade, típica dos yuppies, hipsters, das décadas seguinte, se o jornal decaía, a Internet salvou seus negócios com o UOL, o seu maior acerto econômico, o jornal é mero deleite familiar.

As gerações dos anos 2000, não tiveram nos jornais e revistas seus veículos de informações, os celulares, as redes socias e seus conteúdos passaram a exercer a maior influência, o que de certa forma explica a explosão de informações produzidas, certas ou incertas.

A mídia alternativa também reproduziu a forma e conteúdo da velha mídia, apenas nos últimos se descolou e começa a ter produção própria (não apenas reproduzir e comentar a mídia corporativa) e criativa, com conteúdos de fôlego, atrações que trazem público mais jovem e leitores/ouvintes que nem mesmo os portais grandes conseguiram nesse anos todos.

Por fim, como hoje é domingo, confesso que sinto falta do cheiro e das páginas de jornais, coisas típicas dos velhos.

Bom domingo a todas e todos.

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Author: admin

Nascido em Bela Cruz (Ceará - Brasil), moro em São Paulo (São Paulo - Brasil) e Brasília (DF - Brasil) Advogado e Técnico em Telecomunicações. Autor do Livro - Crise 2.0: A Taxa de Lucro Reloaded.

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